Estimativas do Instituto Nacional do Câncer revelam que cerca de 25 mil brasileiros irão adquirir câncer de coloretal neste ano. A doença pode ser diagnosticada com um exame indolor, como explica o especialista em endoscopia digestiva, Ricardo Sobreira, que esteve em Maceió nesta semana.
Estimativas do Instituto Nacional do Câncer revelam que cerca de 25 mil brasileiros irão adquirir câncer de cólon e reto neste ano.
A doença é a quarta maior causa de câncer do mundo, que pode ser diagnosticada com o auxílio de exames simples, como explica o gastroenterologista e endoscopista Ricardo Sobreira, chefe de serviço do Hospital Beneficência Portuguesa, de São Paulo, que esteve em Maceió, em visita à Gastromed, no Centro Médico Iguatemi.
A endoscopia resume-se no ato de retirar imagens do aparelho digestório – formado pelo estômago, duodeno e intestino grosso – para verificar lesões ou alterações. O exame é totalmente indolor, embora às vezes seja um pouco desconfortável. “A importância do exame é que podemos detectar desde a doença mais simples, como a gastrite, que tem uma incidência alta, de 70% na população, até o mais temido de todos, o câncer gástrico, que ainda tem uma incidência baixa no Brasil”, diz Sobreira.
Atualmente, a grande discussão no campo da endoscopia é sobre a melhoria ou magnificação da imagem, que amplia a visão do médico para o estudo da lesão no aparelho digestório.
O especialista explica que existem duas escolas, a japonesa – os japoneses são famosos pela grande incidência de câncer de estômago – e a americana – que representa o país campeão no número de pessoas com câncer de cólon. “Essas duas são exatamente opostas. O japonês está investindo tudo na magnificação de imagem, enquanto o americano não aceita a magnificação e prefere retirar logo a lesão, em uma relação custo-benefício, sem perder tempo no estudo”, esclarece Sobreira.
No meio dessas duas escolas, a tecnologia aposta em um novo aparelho, que possibilita a ampliação da imagem em cerca de mil vezes, mas que criará uma nova especialidade médica, o profissional gastroenterologista, endoscopista e patologista.
“Essa sub-especialidade também gerará um novo custo que, no momento, é totalmente inviável para o Brasil. Como também acho em relação à magnificação, pois temos que investir mais na população em massa, para fazer um diagnóstico da população antes de gastar em aparelhos”, analisa o médico.
Em países desenvolvidos como o Japão, o exame de endoscopia é obrigatório antes da admissão em qualquer emprego e as doenças graves, como o câncer de estômago conseguem ser diagnosticadas e tratadas precocemente, em cerca de 50% dos casos.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer, o Brasil deve ter mais de 470 mil novos casos de câncer neste ano. Os dados apontam que o câncer de pele benigno será o de maior incidência (116 mil), atingindo muitos trabalhadores rurais, seguido pelo de mama feminina (49 mil), próstata (47 mil), pulmão (27 mil) e cólon e reto (25 mil).
Os dados confirmam a tendência mundial de crescimento da doença devido ao aumento da expectativa de vida das pessoas, mas fatores como a má alimentação e a genética também são determinantes para o aumento da incidência do câncer.
De acordo com o levantamento, quase 11 mil homens e 14 mil mulheres deverão ter câncer no cólon e reto. Estes valores correspondem a um risco estimado de 12 casos novos a cada 100 mil homens e 15 para cada 100 mil mulheres.
Para os médicos em geral, o alto consumo de frutas, vegetais frescos, cereais e peixe, baixo consumo de carnes vermelhas e processadas e de bebidas alcoólicas, aliados à prática de atividade física diminui o risco de desenvolver câncer coloretal.
”Antes, a endoscopia era exigida às pessoas com 60 anos e hoje, caso alguém da família tenha tido alguma lesão, como pólipo, é recomendável que faça a colonoscopia a partir de 40 anos”, diz o médico.
Para o tratamento, as cirurgias nem sempre são recomendáveis. “Depende do estágio da doença, às vezes a retirada de um pólipo, que é uma bolinha, já elimina o câncer, então essa é a razão de fazer o exame precocemente”, conclui Ricardo Sobreira.