Provocar terremotos foi sempre um dos pontos fortes do primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon.
LONDRES (Reuters) – Provocar terremotos foi sempre um dos pontos fortes do primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon.
E o dramático capítulo final de sua vida política não podia ser diferente.
Ele chacoalhará o cenário político de Israel até as bases e seu maior efeito pode ser acabar com as esperanças do dirigente de colocar fim às décadas de conflito com os palestinos — mesmo que isso fosse ser supostamente feito nos termos ditados de forma unilateral por ele.
"Não há ninguém, como Sharon, capaz de unir o país em torno de decisões difíceis que precisam ser adotadas", disse o analista israelense de política Yossi Klein-Levi.
Sharon, 77, o "trator" que por muito tempo parecia invencível para seu povo, lutava para sobreviver na quinta-feira depois de ter sofrido um grande derrame cerebral e de ter sido submetido a uma cirurgia de emergência.
Independente do prognóstico dos médicos, uma coisa parece certa: a vida política do premiê chegou ao fim.
Há dúvidas sobre se a grande guinada rumo ao centro — planejada por Sharon semanas atrás depois de completar a retirada da Faixa de Gaza — conseguiria sobreviver mesmo até as eleições de março, que o premiê era o favorito para vencer.
O novo partido de centro de Sharon, o Kadima, não apenas carece de um outro líder com o passado e a habilidade do premiê para forjar uma nova força política, como não possui nem mesmo uma lista de candidatos. Essa lista talvez existisse apenas dentro da cabeça do dirigente.
"Sharon é o Kadima e o Kadima é Sharon", escreveu Nadav Evyal, em artigo publicado no jornal Maariv.
Ehud Olmert, o vice-premiê que herdou os poderes de Sharon, é um político de carreira incapaz de gerar o mesmo carisma de que dispunha o antigo líder entre os israelenses.
Os outros herdeiros políticos dele, como os ministros Tzipi Livni (Justiça) e Shaul Mofaz (Defesa), não possuem uma base política suficiente para desempenhar o papel.