Reconhecido por atingir pessoas mais velhas, especialmente depois dos 60 anos, o AVC (acidente vascular cerebral), popularmente conhecido como derrame, está afetando cada vez mais pessoas jovens, abaixo de 30 anos.
Reconhecido por atingir pessoas mais velhas, especialmente depois dos 60 anos, o AVC (acidente vascular cerebral), popularmente conhecido como derrame, está afetando cada vez mais pessoas jovens, abaixo de 30 anos.
Levantamento feito no Hospital das Clínicas da Universidade Federal do
Paraná com pessoas jovens vítimas de derrame associa os casos de AVC às mudanças de hábitos da última década.
Segundo a neurologista Viviane Flumignan Zétola, coordenadora do estudo no Paraná, hipertensão arterial, aumento do colesterol, diabetes, excesso de peso, sedentarismo, tabagismo e até mesmo o uso de drogas são os principais fatores de risco identificados nos pacientes estudados.
"A hipertensão arterial e o tabagismo foram os fatores mais prevalentes. Mas não podemos deixar de citar que houve uma piora significativa na qualidade de vida. O estresse acumulado e o colesterol elevado também foram fatores importantes que percebemos nesses jovens", disse Viviane.
A neurologista também estudou o impacto de um derrame na vida de um jovem que ainda está em plena atividade social e trabalha. "Além de muitos terem de parar de trabalhar, porque ficam incapacitados, alguém da família também deixa de trabalhar para cuidar dessa pessoa. O conflito familiar é muito grande."
Da mesma opinião compartilha o neurorradiologista José Maria Modenesi Freitas, do Hospital Santa Rita. "O número de casos de derrame em jovens está cada vez mais freqüente nos hospitais. E essa é uma situação irrecuperável para toda a família."
O derrame é a primeira causa de incapacidade do mundo e está entre as três primeiras causas de morte. "Sempre há seqüela, por menor que ela seja, porque há morte do tecido cerebral. Geralmente há um comprometimento da visão e da fala e a paralisação de partes do corpo", explicou Mirto Nelso Prandini, neurocirurgião da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Há dois tipos de derrame cerebral: o isquêmico –que acontece quando há o entupimento de uma artéria, impedindo que o sangue chegue até o cérebro– e o hemorrágico –provocado pelo rompimento de uma artéria cerebral, causando um processo de sangramento excessivo.
Proporcionalmente, o derrame isquêmico é mais comum (corresponde a 70% dos casos, em média) e menos grave do que o derrame hemorrágico. "As conseqüências de um AVC podem ser evitadas. A questão é identificar o problema e chegar ao hospital no momento certo, para recuperar o paciente", afirmou Freitas.
Segundo os especialistas, o ideal é que o paciente seja socorrido em um hospital especializado em, no máximo, três horas após o início do derrame. Isso porque o cérebro não suporta ficar muito tempo sem receber oxigenação.
"Quando a pessoa está tendo um AVC, começa a perder força de um dos lados do corpo, a fala fica comprometida e ela perde a capacidade de raciocinar. Os familiares precisam estar atentos a esses sinais", orientou Prandini.