No rastro do sucesso da greve, que triplicou o salário e deu reconhecimento profissional aos jornalistas alagoanos – a categoria deve isso a ele e ao Freitas Neto – o presidente do Sindicato dos Jornalistas, Denis Agra, propôs trazer alguém do Sul do País para falar sobre o futuro – a cibernética, a nova imprensa com o sistema on line.
No rastro do sucesso da greve, que triplicou o salário e deu reconhecimento profissional aos jornalistas alagoanos – a categoria deve isso a ele e ao Freitas Neto – o presidente do Sindicato dos Jornalistas, Denis Agra, propôs trazer alguém do Sul do País para falar sobre o futuro – a cibernética, a nova imprensa com o sistema on line.
Na reunião da diretoria, na sede velha da Rua Boa Vista, poucos entenderam a preocupação do Denis em discutir computação; de ordinário, a pauta da reunião era elaborada com temas das lutas sociais e, ainda, estava-se muito longe desse futuro – era início da década de 1980; nas redações ainda imperavam as velhas Olivettis e Remington; a diagramação seguia Cícero e, no máximo, tinha-se o telex – hoje tão superado quanto filme em preto e branco.
Mas, todos concordaram; era impossível não concordar com o Denis Agra. O nome escolhido para a palestra foi o do jornalista Noêmio Spindola, correspondente do Jornal do Brasil na Inglaterra e um dos responsáveis pela implantação do JB On Line.
Spíndola, que também é professor de Jornalismo da PUC carioca, falou para um auditório lotado de estudantes e profissionais de Comunicação – a palestra foi no auditório do extinto Hotel Beiriz.
Tudo de graça; Spíndola não cobrou cachê e o médico Ismar Gato, proprietário do hotel, cedeu o auditório. A palestra foi um sucesso; uns reagiram com preocupação – os mais velhos anunciaram que iriam tratar de se aposentar; os mais novos descobriram que teriam muito ainda o que aprender.
Não demorou tanto e em dez anos a informática chegou às redações; de início maneira e hoje avassaladora – quem espera para saber amanhã o que está ocorrendo agora, perde o bonde da história; estará sempre atrasado.
Denis não usava tom profético, mas era visionário – ou viu primeiro o que, para a maioria, chegaria só no futuro distante. Para Denis, hoje é o amanhã que se imaginou ontem. Ele dizia: “Vem aí a geração que se aperfeiçoou na leitura através do computador”.
E veio mesmo: a geração que hoje tem 20 anos de idade é radicalmente on line. E, para aguçá-la, a globalização que é muito mais que economia – é tudo: arte, cultura, informação, interação, enfim, a linguagem universal.
Vejo agora que a semente plantada pelo Denis Agra deu frutos; projetou-se o futuro do qual muitos desdenharam, inclusive eu. O projeto do site www.alagoas24horas.com.br é muito mais que o resultado da ousadia do jovem jornalista Wadson Régis – ele tem 32 anos de idade e é daquela geração que o Denis Agra anunciou que estava entrando no mercado.
E só poderia ser; bem-aventurada geração que mandou os coroas se atualizarem.
Lembro-me do romance “Admirável Mundo Novo”, de Aldous Huxley, anunciando a civilização escravizada pela máquina e pela tecnologia – ficção profetizando o futuro que já vivemos.
Mas, substituo a visão apocalíptica, a idiossincrasia ranzinza, pela versão excessivamente positiva e tenho razões de sobras para isso: meus dois filhos que moram na Holanda; minha filha e genro que moram nos Estados Unidos, sabem de mim – e de Alagoas – todos dias, graças a esse admirável mundo novo que existe, é arretado e tá doido pra transar comigo.