Embora a testemunha conhecida como “Carioca” tenha apontado um deputado estadual como chefe da quadrilha de seqüestradores e assaltantes que agem em Maceió, o nome do parlamentar não vai constar no inquérito policial.
Embora a testemunha conhecida como “Carioca” tenha apontado um deputado estadual como chefe da quadrilha de seqüestradores e assaltantes que agem em Maceió, o nome do parlamentar não vai constar no inquérito policial.
O delegado Carlos Alberto Reis, presidente do inquérito, garantiu ao deputado Temóteo Correia (PMN), designado pelo presidente da Assembléia Legislativa para levantar o nome do parlamentar envolvido em crimes, que “não há nome de deputado algum”.
Mas, há; o nome apontado pela testemunha é um dos dois deputados citados pelos pistoleiros Fernando Fidelis e o ex-PM Garibaldi, no depoimento à Justiça, como chefes de quadrilhas que assaltam, seqüestram, roubam e matam em Alagoas impunemente há vários anos.
“Carioca” é um dos seqüestradores presos e, na confissão espontânea à polícia, apontou um deputado e um vereador como chefes. Na entrevista à imprensa, o delegado Carlos Alberto Reis confirmou que a testemunha “entregou” o deputado, mas só admitiu identificar o vereador – segundo o delegado, é Júnior Pagão, de Rio Largo.
Informado da retratação do delegado, o presidente da Assembléia Legislativa, deputado Celso Luiz, preferiu repetir o que ouviu do deputado Temóteo Correia – “O delegado negou tudo”, disse-lhe Correia; mas, Celso observou que se, ainda assim, houver algum parlamentar envolvido, “cada um vai responder pelos seus atos”.
A denúncia do envolvimento de parlamentares com organizações criminosas no Estado é antiga; desde o ano passado, o Ministério Público e a Justiça têm conhecimento do fato, mas isto, até agora, se deu por intermédio de depoimentos espontâneos de testemunhas – Fernando Fidelis e o ex-PM Garibaldi, que desejam o benefício da redução de pena por colaborarem com a Justiça.
Fidelis não teve tempo de receber o benefício; foi assassinado dentro do Presídio Baldomero Cavalcante, provavelmente como “queima de arquivo”. Temendo que o ex-PM Garibaldi tivesse o mesmo fim, a Justiça decidiu soltá-lo e colocá-lo no Programa de Proteção a Testemunhas.
Até agora, toda a colaboração para a elucidação desses crimes vem de fora, ou seja, da iniciativa de testemunhas voluntárias. Por parte da polícia, os inquéritos, quando são concluídos, chegam à Justiça incompletos.