Hoje faz 94 anos que foi iniciada a “operação xangô”, também chamada de “quebra de 1912”, quando terreiros e casas de cultos afros do Estado de Alagoas foram destruídos. Nesta tarde, movimentos negros fizeram o primeiro ato para relembrar esse momento histórico, que diferencia a cultura alagoana dos demais Estados.
Hoje faz 94 anos que foi iniciada a “operação xangô”, também chamada de “quebra de 1912”, quando terreiros e casas de cultos afros do Estado de Alagoas foram destruídos. Nesta tarde, movimentos negros fizeram o primeiro ato para relembrar esse momento histórico, que diferencia a cultura alagoana dos demais Estados.
Entre as peculiaridades da cultura alagoana, conseqüência da perseguição e do preconceito aos negros, está a fraqueza dos movimentos culturais como bumba-meu-boi e maracatu no Estado. “A cultura afro vive muito na periferia da cidade, mas que nós possamos assumir nossa ‘afro-alagoanidade’, que são as nossas raízes negras, já que, afinal, somos da terra de Zumbi”, diz o antropólogo Edson Bezerra.
De acordo com o antropólogo, a base da cultura mundial é a cultura negra, que integra estilos como o jazz, reggae e rappy. Mas, para a sociedade alagoana, as conseqüências do “quebra” foram negativas, causando a saída de pais de santo do Estado e enfraquecendo o movimento.
“A ponto dos pesquisadores identificarem no candomblé alagoano uma coisa chamada ‘xangô rezado baixo, que é o xangô tocado sem os atabaques, então com o passar do tempo desapareceram folclores importantíssimos que existiam em Alagoas, como o maracatu”, explicou Bezerra.
A fundadora do candomblé em Alagoas, tia Marcelina, é tida como mártir da violência de 1912, já que teria sido espancada e morta com ferimentos na cabeça por não aceitar se submeter às humilhações impostas pela Liga dos Republicanos Combatentes, organização que perseguia os xangôs no Estado.
Para homenagear a mãe de santo e trazer para a sociedade a visibilidade da cultura negra, os movimentos fizeram hoje uma passeata da praça 13 de Maio, no Poço, até a praça Sinimbu, no Centro de Maceió.
“Na concentração a gente lembra a delegacia onde ficaram guardados vários apetrechos apreendidos dos candomblés. E a caminhada termina na praça Sinimbu onde ficava o terreiro da tia Marcelina”, finalizou Jurandir Bozo, que participou do ato.