Apesar de o café da manhã ser a principal refeição do dia, ainda há quem saia de casa sem fazê-lo ou depois de comer alimentos inadequados para suprir as necessidades nutricionais do corpo.
Apesar de o café da manhã ser a principal refeição do dia, ainda há quem saia de casa sem fazê-lo ou depois de comer alimentos inadequados para suprir as necessidades nutricionais do corpo. Pesquisa realizada pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) com 1.200 adolescentes entre dez e 19 anos aponta que 40,7% deles não fazem o desjejum correto.
Com o final das férias escolares, a situação fica ainda mais preocupante. Por ter de acordar cedo para ir à escola muitos adolescentes deixam de tomar o café da manhã, ficando suscetíveis a sofrerem alteração de humor, problemas de memorização, de concentração e até mesmo déficit de aprendizado.
"A principal justificativa dos jovens para não tomar o café é a falta de tempo. Mas não ter tempo não é um motivo forte para ‘pular’ essa refeição", avalia a nutricionista Eliana Cristina de Almeida, autora do estudo.
Durante o sono, o organismo se alimenta das reservas de nutrientes disponíveis. Por isso, assim que a pessoa acorda, é necessário repor essas reservas para que o corpo possa iniciar as atividades normalmente.
Segundo Eliana, um café da manhã adequado tem de suprir 25% do valor calórico total a ser consumido pela pessoa durante todo o dia. Para atender esses requisitos, a pessoa deve ingerir fontes de energia (pães e cereais), fontes de vitaminas, minerais e fibras (sucos naturais e frutas) e fontes de proteína e cálcio (leite, iogurte, coalhada e queijos).
"Se for impossível sentar-se à mesa para essa refeição, a pessoa pode substituir fazendo uma vitamina com uma fruta, leite e aveia. É rápido, fácil e é o mínimo para garantir os nutrientes necessários. O que não pode é sair sem comer", frisa Eliana.
Segundo o gastroenterologista do Hospital Santa Rita, Almino Cardoso Ramos, a falta de nutrientes adequados no organismo aumenta a probabilidade de o adolescente desenvolver obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares. "Se a pessoa não se alimenta corretamente no café da manhã, ela vai procurar uma compensação na hora do almoço ou do jantar, ingerindo um maior volume de alimentos", diz.
A falta de açúcar no sangue, por exemplo, diminui a capacidade de concentração. Maria Irene Maluf, presidente da Sociedade Brasileira de Psicopedagogia, admite que a falta do café da manhã provoca alterações no humor e na disposição dos alunos, mas diz que nem sempre é possível afirmar que altera o aprendizado. "Para prejudicar o ensino, a privação de alimentos precisa ser muito grande", diz.