As sete escolas que entram neste domingo no sambódromo carioca, no primeiro dos dois dias de desfile do Grupo Especial, transitarão entre o enredo invisível do Salgueiro e o abundante da Beija-Flor. Será uma noite marcada pelo luxo e pelos Carnavais patrocinados.
As sete escolas que entram neste domingo no sambódromo carioca, no primeiro dos dois dias de desfile do Grupo Especial, transitarão entre o enredo invisível do Salgueiro e o abundante da Beija-Flor. Será uma noite marcada pelo luxo e pelos Carnavais patrocinados.
O desfile está marcado para começar às 21h. Sábado (25) foi a última noite de desfiles das escolas do Grupo Especial de São Paulo. A primeira noite foi marcada por acidentes.
Neste domingo a Beija-Flor, última a desfilar, encaixou no enredo sobre as águas o nome da cidade mineira de Poços de Caldas, sua patrocinadora neste ano. Para alcançar seu primeiro tetracampeonato, a fórmula é a mesma dos anos anteriores: a natureza como matéria-prima, imagens grandiloqüentes e um padrão de eficiência controlado com mão-de-ferro.
Luiz Fernando Ribeiro do Carmo, o Laíla, economiza em sorrisos o que gasta em energia para comandar os quatro assistentes da comissão de Carnaval e os 4.000 componentes da escola. Ele não é exatamente um carnavalesco, mas um gerente-geral com amplos poderes.
"Tenho carta branca na Beija-Flor. E não dou moleza para ninguém", diz Laíla, 62, sendo 54 de Carnaval. Ele é cria do Salgueiro e iniciou em 1992 sua terceira passagem pela escola de Nilópolis.
Embora todo-poderoso, Laíla não se diz centralizador, adjetivo que dirige a Joãosinho Trinta, o principal carnavalesco da história da Beija-Flor. "Foi por isso [ele ser centralizador] que a escola ficou 14 anos sem ganhar nada", ataca Laíla, referindo-se ao período entre 1984 e 1997. Na verdade, Joãosinho saiu no início dos anos 90 e venceu em 97 pela Viradouro.
O modelo que une luxo e eficiência é adotado por outras duas escolas de hoje: a Imperatriz Leopoldinense e a Acadêmicos do Grande Rio.
Enquanto a primeira, apoiada por Santa Catarina, fala da vida do herói italiano Garibaldi no Brasil apostando no bom gosto da carnavalesca Rosa Magalhães, a segunda vem embalada pelo terceiro lugar de 2005 contar a história do Amazonas, patrocinada por empresas do Estado.
"Tenho vários "defeitos" especiais. Mas não conto porque, se não der certo, ninguém fica sabendo", diz o carnavalesco Roberto Szaniecki. Além do estímulo do patrocínio, Szaniecki optou pela história do Estado porque, segundo ele, já foram feitos 18 enredos sobre a Amazônia, e não seria interessante repetir o tema.
Renato Lage passou longe desse perigo. O enredo com que o Salgueiro abre o desfile de hoje é para lá de original: a vida do que é invisível ou quase, como átomos, espermatozóides e insetos.
A Acadêmicos da Rocinha, que vem em seguida, é uma escola pequena que quer se mostrar grande. Foram gastos R$ 4 milhões –parte dada por empresas que não interferiram no enredo– para se dizer que "Felicidade não tem preço". A idéia-chave é a de que o dinheiro não compra tudo.
Depois da Imperatriz, vêm mais duas escolas que engordaram seus orçamentos com patrocínios. A Caprichosos de Pilares fala do Espírito Santo com verbas de uma fábrica de chocolates do Estado.
E a Unidos de Vila Isabel exaltará a integração da América Latina financiada pela PDVSA, a petrolífera da Venezuela de Hugo Chávez. "É uma visão mais romântica de uma América", diz o carnavalesco Alexandre Louzada.