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Dia da Mulher, comemoração ou indignação?

O Dia Internacional da Mulher nasceu de um protesto feito por operárias têxteis que eram profissionalmente exploradas em Nova Iorque, no ano de 1857. Hoje, mais de cem anos depois, a data parece ter outro significado; a mulher é bastante enaltecida – ao menos hoje – mas sua luta não é reconhecida.

O Dia Internacional da Mulher nasceu de um protesto feito por operárias têxteis que eram profissionalmente exploradas em Nova Iorque, no ano de 1857. Hoje, mais de cem anos depois, a data parece ter outro significado; a mulher é bastante enaltecida – ao menos hoje – mas sua luta não é reconhecida.

No dia 8 de março, as operárias de Nova Iorque resolveram ocupar a fábrica e entraram em greve, reivindicando a diminuição das 16h diárias para 10h, já que elas recebiam menos de um terço do salário dos homens. Durante o protesto, ocorreu um incêndio no local, matando 130 mulheres, que morreram queimadas.

Assim nasceu o Dia Internacional da Mulher, uma mistura de protesto e reivindicação contra as diferenças – revoltantes – entre “elas” e “eles”. É claro que atualmente as mulheres possuem muito mais direitos do que sonhavam naquela época, mas as lutas não terminaram, simplesmente ganharam novos objetivos.

Esse é o caso da mulher que vive no campo e trabalha com o marido, mas ainda não possui os benefícios que os homens têm. “O camponês já é maltratado e a mulher sofre mais ainda. Precisamos de mais projetos voltados para a mulher”, reivindica a coordenadora do Movimento dos Sem Terra, Rose dos Santos, que participa hoje da passeata em protesto pelos direitos da mulher no campo.

Acampadas na praça Sinimbu, em Maceió, famílias de quatro movimentos de trabalhadores rurais mostram à sociedade a fragilidade de suas vidas, dormindo em barracas de lona, precisando pedir água e comida. “Vamos ficar até quinta-feira, mas precisamos que a Reforma Agrária seja feita neste ano. Tem acampamento no sertão que tem 12 anos, a menina se casa, engravida e tem a criança no acampamento sem as mínimas condições”, revela a integrante do MST.

Violência

Outra luta da mulher do século 21 é a violência doméstica, que parece nunca ter sido vencida. Segundo dados da Delegacia da Mulher em Maceió, de 2000 a 2005 foram registrados 11.318 casos de violência. “Em 70% dos casos de homicídio em que a vítima é mulher, o agressor é o marido”, informa a coordenadora do Fórum de Entidades Autônomas de Mulheres de Alagoas, Terezinha Ramires, complementando que a violência atinge mulheres de todas as classes sociais.

Tão ultrapassada e grave, essa violência é considerada um dos entraves para o desenvolvimento econômico de um país, como disse a ex-ministra da Mulher, Solange Bentes, quando esteve há cerca de quatro meses em Maceió. “Cerca de 10% do PIB do país é gasto com violência, de uma forma geral, são R$ 85 bilhões. E casos de agressão à mulher na família geram mais violência na sociedade”, afirmou.

Em casos de violência contra a mulher, muitas ainda têm vergonha ou medo de denunciar os maridos ou companheiros, o que fortalece a violência doméstica. O círculo de violência só é interrompido quando a mulher toma iniciativa e procura ajuda. Para isso, a vítima pode procurar o Instituto da Mulher, a Delegacia de Defesa da Mulher, o Cav-Crime ou o Centro de Atendimento e Referência às Mulheres Vítimas de Violência Doméstica Terezinha Ramires.

Comemorações

Em meio a essas batalhas, o mundo está repleto de comemorações superficiais, que “esquecem” das lutas femininas e enaltecem o lado delicado e meigo da mulher – como se “ela” quisesse conquistar direitos para se desfazer dessas qualidades.

Ao contrário do que alguns homens – machistas – acham, as mulheres não querem ser iguais em tudo, embora até os superem em certas tarefas; o seguro do carro para “elas” é mais barato porque o cuidado delas no volante é maior, embora “eles” dizem que dirigem melhor, não é mesmo?

Como já cantou Vanuza, “Ser mulher é ser mãe, amante, amiga/ Ser mulher é saber virar a mesa/ Ser mulher é encarar a vida de frente”. Então, que neste Dia Internacional da Mulher, os homens possam, ao menos, agradecê-las pelo papel desempenhado na sociedade e reconhecer, de forma justa, sua atuação.

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