Um estudo da ONG WWF – Fundo Mundial para a Natureza – afirma que a biodiversidade de quatro rios brasileiros que ainda correm livremente da nascente à foz está ameaçada por projetos de desenvolvimento. Um deles, o Madeira, está entre os quatro grandes rios que, de acordo com a ONG ambiental, enfrentam as maiores ameaças à sua integridade e biodiversidade no mundo.
Um estudo da ONG WWF – Fundo Mundial para a Natureza – afirma que a biodiversidade de quatro rios brasileiros que ainda correm livremente da nascente à foz está ameaçada por projetos de desenvolvimento.
Um deles, o Madeira, está entre os quatro grandes rios que, de acordo com a ONG ambiental, enfrentam as maiores ameaças à sua integridade e biodiversidade no mundo.
O relatório Free-flowing rivers, Economic luxury or ecological necessity?, (em tradução livre, Rios de Corrente Livre, Luxo Econômico ou Necessidade Ecológica?), também cita os rios Xingu, Paraguai e Araguaia entre aqueles cujos habitats podem sofrer danos com a construção de usinas e outras interferências humanas.
No estudo do WWF, foram examinados 177 rios com mais de mil quilômetros de extensão em todo o mundo e apenas 64 deles (menos de 40%) ainda teriam um fluxo livre, ou seja, não sofreram maiores interferências humanas.
Segundo a ONG, que divulgou o documento às vésperas do início do Fórum Mundial das Águas, no México, o Madeira é um dos quatro grandes rios do mundo que mais correm "alto risco de modificação".
De acordo com o WWF, as ameaças ao habitat do afluente do Amazonas seriam os projetos de construção das hidrelétricas de Jirau e de Santo Antônio.
Essas mudanças poderiam, segundo o WWF, provocar "impactos negativos das represas propostas que podem modificar a geomorfologia das áreas alagadas e se estender pelo ramo principal do Amazonas".
A ONG ressalta ainda o plano de construir uma outra represa no lado boliviano, no rio Beni.
O relatório da organização afirma que mesmo depois da revisão das hidrelétricas, que tiveram as suas capacidades reduzidas para diminuir o impacto ambiental, "as represas vão modificar o fluxo e a contribuição de sedimentos e nutrientes para outros habitats rio abaixo".
A maioria dos rios que ainda mantêm o seu fluxo livre são afluentes dos principais sistemas hidrográficos do mundo, como o Madeira, que desemboca no rio Amazonas.
De acordo com o WWF, só os tributários do Amazonas representam 20% dos rios de corrente livre no mundo. Outros 20% são formados pelos afluentes do rio Lena, na Rússia.
Além do rio Madeira, a ONG de proteção do meio ambiente ressalta o risco que correm os rios Salween, que nasce no Tibete e corta a China, o Mianmar e a Tailândia; Amur, que passa na Mongólia, Rússia e China; e a Gâmbia, que cruza a República da Guiné, o Senegal e a Gâmbia.
Entre os rios com menos de mil quilômetros, o WWF identificou pelo menos três grandes ameaçados.
O Chishuihe, na China, é descrito no relatório como um "dos últimos santuários para várias espécies ameaçadas da bacia do rio Yangtze".
Na África, o rio Mara, que marca a fronteira dos parques de Masai Mara, no Quênia, e do Serengeti, na Tanzânia, seria fundamental para "populações relativamente densas e agricultura de grande escala na região próxima a ambos os parques, com alguma água sendo usada para irrigação".
O rio estaria sendo ameaçado principalmente por um projeto de desvio para a construção de uma hidrelétrica.
No Nepal, o rio Karnali, um dos principais afluentes do Ganges, seria importante para a sobrevivência do golfinho do Ganges (Platanista gangetica), o maior mamífero de água doce encontrado no subcontinente indiano.
No caso do Karnali, os principais riscos também são planos de hidrelétricas. O relatório conclui que "é de suma importância avaliar os impactos potenciais sobre essa espécie ameaçada (o golfinho) de quaquer projeto de desenvolvimento das águas".