Menos de quatro horas depois de absolver o deputado Pedro Henry (PP-MT), a Câmara dos Deputados cassou nesta quarta o mandato de Pedro Corrêa (PP-PE), presidente do partido. Ambos são acusados de participação no escândalo do "mensalão".
Menos de quatro horas depois de absolver o deputado Pedro Henry (PP-MT), a Câmara dos Deputados cassou nesta quarta o mandato de Pedro Corrêa (PP-PE), presidente do partido. Ambos são acusados de participação no escândalo do "mensalão".
Pedro Corrêa (esq.) e Pedro Henry foram julgados nesta quarta
Com os julgamentos de hoje, já são cinco deputados absolvidos no caso do "mensalão", dos 19 acusados de participar do esquema. Na semana passada, haviam sido absolvidos também Roberto Brant (PFL-MG) e professor Luizinho (PT-SP). Ainda em 2005, foram absolvidos Romeu Queiroz, do PTB, e Sandro Mabel, do PL.
Corrêa foi o terceiro deputado cassado –antes dele, apenas Roberto Jefferson (PTB-RJ) e José Dirceu (PT-SP) haviam perdido o mandato.
Na sessão que inocentou Henry, votaram 453 deputados. Pediram a absolvição 255 deputados, 176 foram pela cassação, houve 20 abstenções e 2 votos em branco. Agora, o processo contra Henry será arquivado.
Na sessão de Corrêa, votaram 451 parlamentares. Foram 261 votos pela cassação, contra 166 pela absolvição. Houve 5 votos em branco e 19 abstenções.
Acusações e defesas
Pedro Corrêa é acusado de ter autorizado o PP a receber recursos do caixa dois do PT por meio do empresário Marcos Valério. Corrêa admite ter recebido R$ 700 mil de Valério, mas, segundo o presidente do PP, o dinheiro foi usado para pagar a defesa do ex-deputado Ronivon Santiago, processado por compra de votos no Acre. Já na versão de Marcos Valério, a quantia doada foi de R$ 4 milhões.
Henry foi acusado de ter sido um dos distribuidores do "mensalão" a deputados do PP e de ter oferecido dinheiro a parlamentares para que trocassem de partido.
O parecer que pedia a absolvição de Henry, feito por Carlos Sampaio (PSDB-SP), foi lido em plenário por Benedito de Lira (PP-AL). Segundo o documento, todas as provas produzidas e os depoimentos prestados na CPI dos Correios apontam a responsabilidade apenas dos deputados José Janene (PP-PR) e Pedro Corrêa pelos pagamentos feitos ao partido com recursos vindos das empresas de Marcos Valério Fernandes de Souza, suposto operador do "mensalão".
Em seguida, Henry se defendeu, dizendo-se inocente e comparando-se ao personagem do livro "A Metamorfose", de Franz Kafka, em que o protagonista dorme como humano e acorda como inseto.
Henry afirmou que, depois de nove meses de investigação, não há provas que o acusem de distribuir o "mensalão". "Quero e preciso ser julgado pelos fatos, e eles provam que eu sou inocente", afirmou o deputado. "A acusação feita pelo ex-deputado cassado [referindo-se a Roberto Jefferson] por esse plenário pretendia me arrastar para dentro do esquema do ‘mensalão’ sem fundamento", afirmou. "De um momento para outro, carreiras, reputações e vidas inteiras são destruídas", discursou. Depois da sessão, Henry afirmou que não estava satisfeito com o resultado, pois foi acusado injustamente.
Já Pedro Corrêa é acusado de ter autorizado o PP a receber recursos do caixa dois do PT por meio do empresário Marcos Valério. Ele admite ter recebido R$ 700 mil de Valério, mas, segundo o presidente do PP, o dinheiro foi usado para pagar a defesa do ex-deputado Ronivon Santiago, processado por compra de votos no Acre. Na versão de Marcos Valério, a quantia doada foi de R$ 4 milhões.
A sessão que julga Corrêa começou por volta das 20h, com o pronunciamento do relator Carlos Sampaio (PSDB-SP), que elaborou relatório no Conselho de Ética recomendando a cassação do presidente do PP. Sampaio afirmou que o "mensalão" realmente existiu, não na forma de mesada, mas na forma "obscura e promíscua" como os partidos se relacionavam. "Dúvidas inexistem sobre o envolvimento do deputado Pedro Corrêa nessas negociações obscuras", acusou.
O presidente do PP discursou por cerca de 25 minutos e negou as acusações de ter participado do esquema do "mensalão". "Meu nome não foi citado como recebedor ou como distribuidor de recursos em nenhum depoimento", afirmou Pedro Corrêa.
Em sua defesa, Corrêa citou sua biografia e chegou a dizer que nunca teve um cheque sem fundo. "Nos meus 27 anos de Câmara, só colecionei amizades e fiz de tudo para ajudar os municípios de minha base", afirmou.