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Italianos vão às urnas para escolher novo primeiro-ministro

Neste domingo e na segunda-feira, cerca de 50 milhões de eleitores italianos devem ir às urnas para eleger o primeiro-ministro que na sua opinião melhor poderá lidar com a complicada economia do país.

Neste domingo e na segunda-feira, cerca de 50 milhões de eleitores italianos devem ir às urnas para eleger o primeiro-ministro que na sua opinião melhor poderá lidar com a complicada economia do país.

O pleito deve funcionar também como um veredicto dos cinco anos de governo do primeiro-ministro Silvio Berlusconi, líder da coalizão de centro-direita, a Casa das Liberdades.

Duas semanas atrás, as últimas pesquisas de intenções de votos davam uma margem de vitória de 5 pontos porcentuais para Romano Prodi, ou o Professore, como é chamado o professor de economia e líder da coalizão de centro-esquerda, a União.

Contudo, 15% dos 50 milhões de eleitores registrados permaneciam indecisos.

Campanha

No último comício de sua campanha, na cidade de Nápoles, na sexta-feira, Berlusconi, de 69 anos, voltou a insistir.

‘’Vocês querem deixar para seus filhos um país governado por pessoas que aumentarão os odiosos impostos sobre suas casas, economias e sobre aquilo que deixarão para seus filhos (propriedades)?’’

O primeiro-ministro fez várias promessas eleitorais de cortes de impostos. De reduções nos tributos sobre contas correntes à primeira moradia, Berlusconi prometeu, ainda, aumentar a aposentadoria de 500 para 800 euros (quase R$ 1,3 mil a mais de R$ 2 mil).

Por sua vez, Romano Prodi escolheu a Piazza del Popolo, em Roma, para fazer seu último discurso.

O ex-primeiro ministro (1996 e 1998) e ex-presidente da Comissão Européia (CE), de 66 anos, resumiu o seu discurso: ‘’Este comício não é apenas um apelo ao seu voto, é uma convocação para a reconstrução da Itália’’.

Se até cinco anos atrás a Itália, quarta economia da Europa, era um país associado à prosperidade, o quadro mudou.

Crise

Ano passado, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país foi zero. Este ano, a previsão é de 1,3%.

O déficit orçamentário, cujo teto na zona do euro é de 3%, poderá ultrapassar os 6%, em 2006. A dívida pública, em crescimento, corresponde a 106% do PIB.

Muitos interpretam a crise como um problema estrutural e não passageiro.

Com quase cinco milhões de empresas, um quarto do total europeu, o ‘’modelo industrial italiano’’ é um mosáico de pequenas empresas familiares.

E, no mundo globalizado, diversas dessas empresas, como as de sapatos, perderam competitividade para países como a China, onde a mão-de-obra é mais barata.

‘’Vou votar na União’’, disse à BBC Brasil Mario Adinolfi, apresentador de televisão de 34 anos e líder do movimento Democracia Direta. ‘’Mas não podemos culpar Berlusconi por todos os males econômicos que assolam a Itália.’’

Conflito de interesses

De fato, todos os países europeus atravessam uma fase de reformas econômicas difíceis. Mas existe uma percepção de que Berlusconi fez pouco pela Itália.

Durante o seu mandato – o primeiro a ser concluído no pós-Guerra –, ele passou a maior parte do tempo se defendendo de acusações de conflitos de interesses.

Ele é dono da empresa Mediaset, proprietária dos três principais canais privados de televisão, e como primeiro-ministro tem o controle dos canais públicos.

Berlusconi aproveitou sua maioria parlamentar para aprovar leis que lhe dão imunidade em várias acusações: lavagem de dinheiro, contatos com a Máfia, suborno de juízes.

Em março, procuradores de Milão entregaram um pedido de indiciamento por corrupção de Berlusconi e do advogado David Mills, marido da secretária de Cultura do Reino Unido, Tessa Jowell.

Mills, segundo os procuradores, teria sido subornado por Berlusconi para prestar depoimentos a favor do primeiro-ministro em dois julgamentos. Em caso de derrota nessas eleições, Berlusconi perderá a sua imunidade parlamentar e será julgado.