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Turismo comunitário

Em alagoas tem-se feito muito ôba-ôba com a questão do turismo, mas não tem se pensado numa estratégia de como incluir o cidadão alagoano morador da área turística neste viés econômico tão importante para redenção e autonomia das comunidades envolvidas.

Em alagoas tem-se feito muito ôba-ôba com a questão do turismo, mas não tem se pensado numa estratégia de como incluir o cidadão alagoano morador da área turística neste viés econômico tão importante para redenção e autonomia das comunidades envolvidas. Por aqui a gente tem um modelo de turismo tido como hegemônico que não agrada nem ao chamado Trade turístico nem tão pouco chega a beneficiar a população. Pra se ter uma idéia, 80% do capital que circula com nossa movimentação turística ficam nas empresas aéreas e hotéis de fora, não ficando deste montante quase nada no nosso Estado.

Isso a gente pode chamar de calote social; um modelo vampiresco como este tem que ser repensado. Invadiram o nosso litoral e estão predatoriamente se aproveitando e destruindo nossas riquezas naturais sem nos dar nada em troco. A política turística de nosso estado é subversiva aos nossos reais interesses.

É com a maior urgência que precisamos repensar e correr atrás de copiar o que está fazendo o Estado do Ceará e o Rio Grande do Norte neste aspecto, porque temos semelhanças. No Ceará, de modo particular, o turismo comunitário já é uma realidade. Em Balbino, por exemplo, os artesãos se uniram em defesa dos seus costumes e artesanato; e a gente nota um corporativismo fechado nos seus trabalhos.

Aqui em alagoas, contrariamente, estamos levando prejuízo com nossa política de turismo, por a mesma ser arcaica, concentradora e sem planejamento. E ainda, estamos excluindo os nossos tão sofridos pescadores e artesãos moradores das regiões potencialmente vocacionadas para esta atividade. Estamos excluindo a comunidade em detrimento de outras plagas.

Pra se ter uma idéia, quando se fala em turismo comunitário, isso significa fechar o cerco contra qualquer influência ou capital de fora na nossa atividade turística. Os manguezais, por exemplo, devem ser intocáveis; e as algas perdidas, trabalhadas em utensílios para exportação. Quanto aos bordados, bonecas de pano, esculturas etc., devem este artesanato pertencer exclusivamente aos moradores nativos. O sujeito tem que apresentar o registro civil para se habilitar a fazer parte da associação dos artesãos, a qual deve coordenar toda comercialização sem a presença do intermediário nem do especulador. Assim, toda a renda é controladamente fixada dentro do Estado.

Isso foi o que eu pude ver lá em Balbino no Ceará. Já em Nova Olinda, no mesmo Estado, há um projeto fantástico que é o projeto do homem do cariri, resgatando toda riqueza cultural e artesanal da região com a valorização dos moradores de lá; inclusive na área de comunicação, onde novas gerações procuram através do teatro, da música e do vídeo, novos rumos de criação e expressão. Notei que nesta comunidade as crianças são bem saudáveis, e expressam isso pela simpatia e beleza; numa prova de que a geração de renda está trazendo a reciprocidade esperada.

Refletindo sobre estas questões, é preciso que despertemos tão logo antes que fique tarde demais. Precisamos envolver nossos pobres e desprotegidos moradores de nossas áreas turísticas, para que tomemos o rumo certo salvando o que é nosso e segurando o que nos pertence. Façamos isso no sentido de fixar o homem no seu território gerando riqueza para todos. O projeto é esse: Turismo comunitário já! Assim como está sendo feito no Rio Grande do Norte e no Ceará.

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