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Urna eletrônica chega aos dez anos e TSE se prepara para voto sem título de eleitor

Para quem considera a urna eletrônica um avanço, vem aí outra inovação - o voto eletrônico com a dispensa do título de papel. O eleitor será identificado pela impressão digital, ao apertar três dedos em um equipamento que acompanhará a urna.

Para quem considera a urna eletrônica um avanço, vem aí outra inovação – o voto eletrônico com a dispensa do título de papel. O eleitor será identificado pela impressão digital, ao apertar três dedos em um equipamento que acompanhará a urna. Ao festejar os dez anos de sucesso da urna eletrônica, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já trabalha com 25 mil urnas compradas com os novos leitores digitais.

O novo sistema deverá ser testado em três estados, nas eleições municipais de 2008, segundo o diretor-geral do TSE, Athayde Fontoura Filho. O teste será feito nas eleições municipais de Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Rondônia.

Antes, no entanto, o Congresso deve aprovar uma lei determinando o recadastramento de todos os eleitores, quando eles deixarão suas impressões digitais nos computadores do TSE. Para que toda a eleição de 2012 seja feita com o novo sistema, a lei do recadastramento deverá estar aprovada até julho do próximo ano.

Até lá, os 125,9 milhões de eleitores votarão no dia 1º de outubro nas 432.600 urnas usadas em todos os municípios brasileiros. Uma situação bem diferente da experiência feita nas eleições municipais de 1996, quando foram usadas apenas 74.800 urnas nas cidades com mais de 200 mil eleitores.

A inovação foi implantada gradativamente nas eleições seguintes, o que chamou a atenção de outros países. Em 2002, por exemplo, a França começou a experimentar o sistema eletrônico. Os norte-americanos também já fazem seus experimentos, mas eles têm problemas a resolver, pois geralmente numa eleição são feitas consultas aos eleitores sobre outros assuntos. Todo mês, o TSE recebe cerca de 50 representantes de outros países interessados em conhecer o sistema brasileiro.

O resultado desses dez anos de aprimoramento é surpreendente. Até à meia noite do próximo dia 1º de outubro, deverão estar apurados 95% de todos os votos dos brasileiros. Comparando-se com os 45 dias gastos pelo TSE em 1989 para anunciar oficialmente que Fernando Collor de Mello fora eleito presidente, tem-se uma idéia do avanço.

A inovação, no entanto, tem seu preço. Cada nova urna custa cerca de R$ 1.700e todo ano são compradas quase 20 mil novos equipamentos, por causa do crescimento vegetativo de eleitores e da subdivisão de seções eleitorais, para diminuir as filas nos locais de votação. Um leitor de impressão digital fica perto de R$ 50.

No total, as eleições custarão neste ano cerca de R$ 600 milhões. Para justificar, o TSE faz a lista das vantagens do voto eletrônico: além da rapidez, ele impede algumas fraudes muito usadas no passado, entre elas o eleitor repetitivo, ou seja, aquele que votava mais de uma vez, em locais diferentes. Outra vantagem é a colocação de fotos de todos os candidatos na urna.

Em seu décimo aniversário, a urna eletrônica enfrenta menos questionamentos sobre sua segurança, muito comuns nos primeiros anos. Para oferecer uma resposta à sociedade, o TSE pediu à Universidade de Campinas (Unicamp) que indicasse uma equipe de especialistas para examinar a urna, em 2002. Os técnicos fizeram várias recomendações para melhorar a segurança, mas não viram nada que pudesse ameaçar a confiabilidade do sistema.

Apesar disso, segurança ainda é um dos pontos mais polêmicos em torno da votação eletrônica e o TSE ainda investe cerca de R$ 200 milhões em segurança. O diretor-geral Athayde Fontoura Filho garante que o sistema é totalmente confiável.

"Uma das maiores vantagens da urna é que ela colhe os votos offline, ou seja, desconectada da Internet, evitando ataques remotos", explica o diretor.