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Um Téosunami Azul que esmagou o laranja

A expressiva vitória do senador Teotonio Vilela Filho, candidato pelo PSDB através da coligação “Alagoas Paz e Desenvolvimento”, com uma frente de mais de 332 mil votos sobre o deputado federal João Lyra (PTB) serviu para mostrar que nem sempre o poder econômico decide uma eleição. O que vale é o voto na urna.

O resultado da eleição para o governo de Alagoas no último domingo, 1º de outubro, de certa forma surpreendeu muita gente. A expressiva vitória do senador Teotonio Vilela Filho, candidato pelo PSDB através da coligação “Alagoas Paz e Desenvolvimento”, com uma frente de mais de 332 mil votos sobre o deputado federal João Lyra (PTB) serviu para mostrar que nem sempre o poder econômico decide uma eleição. O que vale é o voto na urna.

Desde o início da campanha que a candidatura do deputado petebista era apontada como franca favorita. João Lyra tinha o apoio da maioria dos deputados estaduais, prefeitos, vereadores, lideranças políticas, enfim era visto como um adversário invencível. Dinheiro para sua campanha não iria faltar e toda uma grande estrutura estava montada, incluindo inúmeros carros de som, comitês na capital e no interior, enfim, tudo que faltava do lado de Téo Vilela em sua campanha ao governo.

Se alguém dissesse que Téo Vilela ganharia a eleição logo no 1º turno e da forma esmagadora como aconteceu seria tachado de louco. E quem poderia acreditar nisso? Ele mesmo, o próprio Téo Vilela. Apesar de todas as dificuldades, da falta de dinheiro, estrutura, uma campanha franciscana, o tucano era o entusiasmo em pessoa, se alguma vez pensou em desistir foi algo passageiro. Ergueu a cabeça, passou por cima das dificuldades e manteve a campanha na rua.

Téo como todos sabem tinha o apoio de alguns poucos abnegados prefeitos que reconheceram tudo o que ele fez em 20 anos como senador por suas cidades. E um apoio de peso não pode deixar de ser destacado, o do presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB), que apesar de todos os seus compromissos em Brasília retornava a Maceió sempre às quintas-feiras para se dedicar de corpo-e-alma a campanha de Vilela. O PMDB de Renan indicou o vice, o médico José Wanderley.

E dos poucos apoios expressivos que tinha conseguido a sua campanha franciscana, alguns começaram a correr para o lado que tinha mais dinheiro a oferecer, como o deputado federal Maurício Quintella, reeleito pelo PDT, os candidatos a deputado estadual pelo PSB, Padre Eraldo e George Clemente, ambos derrotados nas urnas e o prefeito de Delmiro Gouveia, Marcelo Lima (PDT) levado pelo poderio econômico do grupo Carlos Lyra, cujo acionista maior é irmão do candidato do PTB.

A campanha de Téo corria contra tudo e contra todos. As pesquisas iniciais apontavam uma vantagem considerável para João Lyra, o que fazia com que sua turma cantasse a vitória antes do tempo e logo no primeiro turno. O interessante é que muitas vezes e não foram poucas, eu ouvia dos eleitores que eles acreditavam que o candidato “laranja” seria eleito governador, mas também diziam que não iriam votar nele e sim em Teotonio Vilela Filho, o que sinalizava uma grande contradição.

Durante toda sua campanha, Téo Vilela enfrentou um batalhão de denúncias através do jornal pertencente ao candidato adversário. Jornalistas conhecidos, como Romero Vieira Belo e Gabriel Mousinho, foram usados para fazer o jogo das denúncias contra Téo, Renan e outras lideranças ligadas ao tucano, a exemplo dos ex-prefeitos de Penedo, Alexandre Toledo e de Cajueiro, Fernando Toledo, eleito deputado estadual pelo PSDB. Mas ao que parece o feitiço virou contra o feiticeiro.

As pesquisas antes favoráveis ao candidato João Lyra passaram a ser questionadas quando começaram a atestar um sentimento de mudança na vontade do eleitorado. O exemplo foi a pesquisa do Ibope em que o candidato Teotonio Vilela pela primeira vez ultrapassava seu adversário. E qual foi a reação do candidato do PTB, desvalorizar o resultado da pesquisa questionando a lisura do instituto e publicando uma outra pesquisa de um tal de Sensus, onde João Lyra se mantinha à frente.

Pois bem, na reta final da campanha a coisa parece que começou a mudar de rumo e a candidatura de Vilela crescia a cada dia, em Maceió, no interior, nas grotas, sítios, parecia que uma verdadeira “Onda Azul” começava a invadir o coração dos eleitores alagoanos. Téo se dedicou de corpo-e-alma nas carreatas pelo interior e em Maceió a diferença começava a cair segundo atestavam os resultados das pesquisas feitas. A eleição que antes parecia definida começava a mudar de rumo.

Finalmente o eleitor alagoano parecia entender a mensagem passada pelo candidato da coligação “Alagoas Paz e Desenvolvimento” que em seus 20 anos de atuação como senador praticamente possui trabalhos em todos os 102 municípios do Estado. Uma grande corrente começou a ser formada e o que antes parecia perdido ganhou um novo rumo, a caminhada para a vitória de Teotonio Vilela ao governo estava traçada e era só uma questão de tempo para a confirmação sair das urnas.

E finalmente chegou o grande dia da eleição. E o que se viu foi um verdadeiro massacre nas urnas. O candidato que parecia desacreditado virou o jogo. O eleitor parece que aguardava apenas o momento certo para mostrar que o dinheiro nem sempre compra a dignidade das pessoas. Nas seções dava para se notar no semblante das pessoas que elas já sabiam o que queriam para Alagoas. A maioria estava calada, não expressava preferência, mas cada uma em seu íntimo já sabia em quem votar.

Quando às urnas foram abertas veio o resultado que ninguém na coligação do candidato João Lyra esperava: a vitória de Teotonio Vilela logo no 1º turno e por uma diferença jamais vista na história das eleições em Alagoas. O eleitor parece que soube diferenciar os dois candidatos: um que tinha uma proposta individual e o desejo de governar o Estado a qualquer preço, e outro que fazia parte de um grupo cujo interesse maior é continuar ajudando Alagoas a crescer em seus mais diversos aspectos.

A candidatura de Teotonio Vilela veio sobre a de João Lyra como um verdadeiro “tsunami” e em poucos dias cobriu o coração dos alagoanos de um “azul” tão bonito como a cor das águas das nossas praias. O “Téosunami esmagou a laranja”.

* é jornalista

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