A Divisão de Propriedade Intelectual e Negócios (DPIN) do Inpa foi criada há dois anos. De acordo com a chefe da DPIN, Noélia Falcão, nove produtos e processos já foram patenteados – e mais cinco devem ser registrados até o fim do ano.
A Semana Nacional de Ciência e Tecnologia termina hoje (20) no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) com uma conclusão: é preciso proteger os conhecimentos gerados pelos cientistas e aplicá-los no cotidiano. A Divisão de Propriedade Intelectual e Negócios (DPIN) do Inpa foi criada há dois anos. De acordo com a chefe da DPIN, Noélia Falcão, nove produtos e processos já foram patenteados – e mais cinco devem ser registrados até o fim do ano.
Dessas patentes, apenas uma foi licenciada até agora: a sopa desidratada de piranha, desenvolvida pelo pesquisador Edison Lessi. O contrato de transferência de tecnologia para a empresa carioca ManausRio – Alimentos Orgânicos foi assinado em Manaus no último dia 28.
O projeto do empresário Márcio Oliveira era exportar, até o fim do ano, o primeiro lote do produto para a China, terceirizando a produção no Rio de Janeiro. Em 2007, a empresa iniciaria a construção de sua fábrica em Manaus.
O planejamento da ManausRio foi prejudicado pela queda do vôo 1907, da Gol Linhas Aéreas. Oliveira morreu no acidente, no dia 29, quando retornava ao Rio de Janeiro, após a cerimônia de celebração do contrato com o Inpa. “O filho dele já nos procurou dizendo que quer honrar o que o pai definiu, mas eu lhe disse para se dar um tempo, viver o luto. Devemos voltar a conversar em dois meses”, revelou Falcão.
O contrato firmado com a ManausRio estabelece que o Inpa terá direito a parte do lucro da empresa com a venda da sopa de piranha, mas Falcão não revelou o percentual. De acordo com uma portaria do Ministério da Ciência e Tecnologia (de nº 88), os recursos adquiridos pelo instituto relativos à propriedade intelectual devem ser divididos com os inventores da tecnologia, com a coordenação à qual eles estão vinculados e com o setor administrativo do Inpa, um terço para cada um.
A pesquisadora esclareceu que o licenciamento da patente da sopa desidratada de piranha se deu sem exclusividade para a ManausRio, o que significa que outras empresas interessadas podem ter acesso à nova tecnologia. “Estamos abertos inclusive a organizações sociais e governos que queiram usar a sopa na merenda escolar. Ela é muito rica em proteínas e seria uma boa aliada no combate à desnutrição infantil”, argumentou.
Além da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, esta é também a Semana Mundial de Alimentação. Das nove patentes já registradas pelo Inpa, outras duas são relativas a alimentos: os processos de fabricação do vinho e da farinha desidratada de pupunha (fruto amazônico, bastante apreciado na culinária regional).