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MST recebe posse das terras onde três sem-terra foram assassinados

Hoje, das 25 fazendas da Ouricuri, 13 estão ocupadas pelo MST e atualmente forma sete assentamentos, cinco acampamentos e um pré-assentamento (Genivaldo Moura).

Depois de muita luta e resistência, cerca de 90 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST irão receber a posse da terra, onde estão acampados há oito anos. O acampamento Genivaldo Moura é parte de um complexo de terras da usina Ouricuri, falida há dez anos, na zona da mata do município de Atalaia, a 57 km da capital.

Na região, há um grande predomínio de latifúndio canavieiro e é uma das áreas de maior conflito agrário do Estado. Em oito anos foram assassinadas três lideranças rurais, o caso mais recente foi o de Jaelson Melquíades, dirigente do MST na região, assassinado em novembro de 2005.

Em 1996, quando a Ouricuri faliu, os moradores da região e trabalhadores que viviam da usina tentaram evitar o fechamento e as demissões. “Houve uma grande possibilidade de formar uma cooperativa, mas sob o medo das ameaças de pistoleiros contratados pelo do dono da usina, a tentativa foi abortada”, coloca José Melo, que trabalhou lá durante cinco anos e hoje é militante do MST.

Nessa época, muitos trabalhadores e trabalhadoras foram despejados, sem indenizações, sem nenhum de seus direitos trabalhistas atendidos. Foi então que trabalhadores e integrantes do sindicato rural da região se uniram ao MST para reivindicar o direito a terra. A primeira e a maior ocupação na região aconteceu com 1.500 pessoas na fazenda Timbozinho, hoje assentamento Canudos. Lá foi assassinado o sindicalista conhecido por Chico.

Hoje, das 25 fazendas da Ouricuri, 13 estão ocupadas pelo MST e atualmente forma sete assentamentos, cinco acampamentos e um pré-assentamento (Genivaldo Moura).

Os assentamentos Canudos e José Elenilson (nome dado em homenagem ao trabalhador rural assassinado no local, em 2000) foram os primeiros e suas produções chegam a abastecer semanalmente três caminhões pequenos de macaxeira, feijão de corda, abóbora, melancia, amendoim (principal plantação), entre outros, que vão para a feira no centro de Atalaia.