Mais duas barracas localizadas na orla da praia do Francês foram demolidas, na manhã de hoje, por ordem da Justiça Federal. Pela manhã, o oficial de Justiça, Bartolomeu Mendes Melo, com o apoio do Centro de Direitos Humanos e Gerenciamento de Crises da Polícia Militar finalizou os trabalhos de reintegração de posse. O terreno que antes era explorado por 33 barracas, das quais só restam 29, localizado numa área de Marinha pertence à União.
Existem vários processos em andamento e a perspectiva é de que todas as barracas sejam demolidas e o terreno seja devolvido. Na manhã de hoje, foram derrubadas as barracas Segredos do Mar e Maria Baixinha. Apesar do clima tenso e de medo no local, os proprietários dos estabelecimentos não ofereceram resistência e as barracas foram demolidas de forma pacífica.
Dos 27 comerciantes que agora utilizavam a área de Marinha, apenas nove são nativos de Marechal Deodoro, ou da Praia do Frânces. Os demais são empresários de outros locais – grande parte de Maceió – que explora a área. Os comerciantes acusam o Governo do Estado e a Prefeitura Municipal de Marechal Deodoro de não ter tido o interesse necessário para regularizar a orla do Francês, já que – segundo eles – as barracas geram empregos diretos e indiretos e movimentam a economia local, já que são suporte para o turismo na região.
No caso da barraca Maria Baixinha, pertencente à Maria Mizael dos Santos, 49, a situação ainda é mais grave. Maria Mizael reside no próprio estabelecimento e emprega – em alta temporada – cerca de 15 pessoas. Ela alega que sua barraca possui autorização municipal e estadual. A empresária trabalha na região há mais de 20 anos. Mizael destaca que possui inclusive autorização da Capitania dos Portos.
O problema enfrentado por Maria Mizael – que provocou a perda do direito de explorar o terreno – é que o espaço para exploração é negociado a cada governo municipal e o novo acordo não prevê a ocupação permanente da área. A empresária critica a falta de políticas para o desenvolvimento do turismo no município e chama a atenção para a importância dos estabelecimentos para a geração de emprego e renda local. “Todo mundo depende um pouco das barracas aqui no Francês”, destaca.
Ela ainda conseguiu retirar os pertences e o madeiramento de dentro do estabelecimento, antes que se iniciasse a demolição. No entanto, Maria Mizael diz não saber calcular o prejuízo já que 15 famílias dependiam diretamente da Maria Baixinha. Maria Mizael está nervosa e pede auxilio das autoridades para contornar o problema.
O outro empresário é Percival Brumati, que gerenciava a barraca Segredos do Mar juntamente com o irmão Paulo Brumati. Os dois residem em Maceió e trabalhavam na Praia do Francês há oito anos. Os irmãos Brumati também eram donos do Império do Chop, barraca localizada na orla marítima da capital alagoana, que também foi demolida para atender ao projeto de reurbanização da orla de Maceió.
A barraca Segredos do Mar empregava 18 pessoas de forma direta. Os empresários chamam a atenção para o fato de que até os taxistas da região lucravam com os passeios turísticos, que incluíam as barracas como ponto de suporte para os visitantes e que isto – em breve – vai deixar de existir, já que a tendência é a demolição das 27 barracas restantes. “É um baque na economia local como um todo”, destacou Paulo Brumati.
Os irmãos empresários, assim como Maria Mizael, também reclamam da ausência de interesse por parte do poder público. Os empresários foram notificados da demolição há um mês e 15 dias e os processos se arrastavam há no mínimo seis meses.
Conforme informações extra-oficiais, as notificações informando do interesse da Marinha em retomar a posse da área se deu há quatro anos, após uma visita de um grupo de empresários portugueses ao local. Coincidentemente ou não, os empresários colocam, que logo em seguida as notificações começaram a aparecer.