Dezenas de ativistas foram detidos quando tentavam realizar passeatas nas ruas, o que havia sido proibido pelo governo. Alguns aceitaram ser conduzidos para o estádio da universidade, onde a festa é permitida.
Milhares de homossexuais e simpatizantes desfilaram nesta sexta-feira (10) na Universidade Hebraica de Guivat Ram, em Jerusalém, sob forte esquema de segurança, levando adiante uma parada gay que havia provocado protestos de religiosos e ilustrado as divisões na sociedade israelense.
Dezenas de ativistas foram detidos quando tentavam realizar passeatas nas ruas, o que havia sido proibido pelo governo. Alguns aceitaram ser conduzidos para o estádio da universidade, onde a festa é permitida.
Em alguns pontos da cidade, houve pequenas brigas entre ativistas de direita e militantes de causas sociais, mas com pouca violência, segundo a polícia. A parada gay foi proibida de acontecer nas ruas de Jerusalém, mas a organização concordou em manter o evento no estádio da Universidade Hebraica.
Gays, lésbicas e ativistas dos direitos civis, muitos agitando a bandeira do arco-íris que representa o orgulho homossexual, passaram pelas barreiras policiais para chegar ao estádio onde ocorria a manifestação. Lá dentro, ecoava a música "dance".
Segundo a polícia, três mil agentes fazem a segurança no local. Judeus ultra-ortodoxos e outros manifestantes não puderam entrar no estádio.
"Ontem à noite (quinta-feira), os rabinos decidiram que não haveria distúrbios. Ainda assim, a polícia estará preparada para lidar com distúrbios destinados a prejudicar o evento", disse um porta-voz.
A polícia montou bloqueios nas vias de acesso ao estádio, e várias ruas foram interditadas.
Judeus ultra-ortodoxos também ameaçavam perturbar a manifestação na cidade sagrada. Havia protestos todas as noites em bairros religiosos de Jerusalém contra a parada gay.
"Por que estão nos empurrando de volta para o armário? Há mais de uma forma de ser judeu", disse Yossi Gilad, 36 anos, de Tel Aviv, que trabalha em uma ONG.
Uma mulher levava um cartaz com a frase: "Tenho orgulho de ser judia lésbica".
Muitos judeus praticantes viam a parada nas ruas como uma afronta à religião. O assunto expôs as profundas fissuras na sociedade israelense, que vive num debate entre a influente comunidade religiosa e os laicos que buscam um Estado progressista e "moderno".
Jerusalém realiza paradas gay desde 2001, mas nunca com tanta organização e mobilização quanto desta vez. Os responsáveis dizem que o evento prega a tolerância e a compreensão.
A parada estava marcada para agosto, mas foi adiada por causa da guerra entre Israel e a guerrilha xiita Hezbollah no sul do Líbano.