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Ônibus 499: seqüestrador ainda mantém 9 reféns

Relatos de passageiros, liberados depois de negociações entre o motorista, o homem e a Polícia Militar, informam que mulher foi espancada por tê-lo "traído". Ele teria dito que não faria mal aos outros passageiros, enquanto a ex-mulher nega ter traído o marido.

G1

Seqüestrador liberta 11 reféns

O comandante geral da Polícia Militar, coronel Hudson Aguiar, disse que o homem que seqüestrou um ônibus na manhã desta sexta-feira na Via Dutra, na altura de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, ainda mantém a mulher e mais oito pessoas reféns. Onze pessoas foram libertados por volta das 15h50, quase oito horas depois do início do seqüestro. Outras 19 pessoas já haviam sido liberadas anteriormente.

O homem, identificado pela polícia como André Luis Ribeiro da Silva, embarcou acompanhado da ex-mulher a quem ameaça com um revólver calibre 38. Relatos de passageiros, liberados depois de negociações entre o motorista, o homem e a Polícia Militar, informam que mulher foi espancada por tê-lo "traído". Ele teria dito que não faria mal aos outros passageiros, enquanto a ex-mulher nega ter traído o marido.

De acordo com a cunhada de André, Eloísa Ribeiro, casada com o irmão dele, ele teria 35 anos, trabalharia como camelô e vigia e moraria em Nova Iguaçu, no bairro de Santa Eugênia. A mulher ameaçada seria Cristina Ribeiro, ex-mulher dele. O casal teria três filhos. Cristina é técnica em radiologia e estaria fazendo um curso de enfermagem.

De acordo com a Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher do estado do Rio de Janeiro em Nova Iguaçu), há dois inquéritos contra André. Um por cárcere privado e outro por coação. André Luis teria tentado o suicídio, sem sucesso e, depois de um mês fora do Rio, a pedido da família, André teria retornado ao estado disposto a reatar o casamento. Os familiares de André Luis dizem que ele tem um ciúme doentio pela mulher. O pastor da igreja que André freqüenta diz que ele não aceitou a separação de Cristina: "ele descobriu aqora que ela está com outro e não aceitou também".

Segundo a CBN, Cristina está sentada em um banco na parte traseira do ônibus, perto da porta. André continua de pé, em frente a ela. Um policial se aproximou e conversou com ele. André está de pé. A expectativa da policia nesse momento é sobre a reação de André. Neste momento três policiais à paisana estão próximos à janela.

A mãe de André, Nair, foi chamada para ajudar, mas, ao chegar no local, passou mal e não pôde colaborar. Ela tem mais 11 filhos. Nair foi para a ambulância em estado de choque, com pressão alta. Quem também está ajudando nas negociações é o ex-cantor Vaguinho, que agora é pastor de uma igreja.

O motorista do ônibus, Flávio Teles de Menezes, explicou como começou o seqüestro. Segundo Menezes, ele vinha na linha normal, quando parou no ponto para o casal subir. "Ele (André) vinha agarrado com a mulher com a arma na cabeça dela. Ele mandou fechar a porta e seguir viagem, não parar mais para ninguém. Foi quando a patrulha veio atrás. Ele deu ordem para desembarcar uma senhora idosa que estava atrás de mim. Quando ele viu o bloqueio na Dutra ficou nervoso e me mandou passar pelo bloqueio. Ele falava da traição dos filhos, que ela acabou com a vida dele e a ameaçava de morte", explica o motorista

O comandante geral da Polícia Militar, coronel Hudson Aguiar, diz que as negociações continuam. "Ampliamos o raio de isolamento porque precisamos ter espaço em caso da necessidade de uma intervenção. A situação dentro do ônibus é de tranqüilidade aparentemente. Ele diz que o problema é dele com a ex-mulher", conta o coronel.

Segundo a polícia, os reféns estavam concentrados na parte traseira do ônibus. O seqüestro, que dura mais de nove horas, já é mais longo que o caso do ônibus 174, que durou quatro horas e meia.

Uma dificuldade é o fato de o homem não apresentar uma lista de exigência, por não se tratar de um roubo. A governadora Rosinha Matheus designou o comandante do Bope – o Batalhão de Operações Especiais – para chefiar as negociações. O Batalhão esteve envolvido no polêmico caso do ônibus 174, no Jardim Botânico, na Zona Sul, no ano de 2000, em que uma refém e o assaltante Sandro do Nascimento morreram.

Dezenove pessoas que estavam no coletivo, liberados na primeira leva, mais dois PMs que escoltaram o ônibus até ele parar, foram levadas para 52ª DP (Mesquita) para prestar depoimento. Segundo o delegado Paulo Roberto da Silva, André Luis será indiciado, por enquanto, por seqüestro e cárcere privado – que são crimes hediondos.

Os treze reféns liberados na segunda oportunidade saíram às 16h30 num ônibus da PM em direção à delegacia de Mesquita.

Segundo a rádio CBN, os primeiros reféns liberados foram trocados por um litro de água. O coletivo está sem ar-condicionado e com um pneu dianteiro esvaziado.

A Rodovia Presidente Dutra está com trânsito liberado, mas apresenta engarrafamento de três quilômetros sentido Rio e seis quilômetros no sentido São Paulo, na altura de São João de Meriti, na Baixada Fluminense.

Como foi

Por volta das 8h desta sexta-feira (10), um homem armado invadiu um ônibus na Via Dutra, na altura de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, que ia para o Rio de Janeiro, com dezenas de passageiros a bordo. Ele apontava uma arma para a cabeça da ex-mulher a quem ele acusa de traição.

Policiais do 20º BPM estão na Rodovia Presidente Dutra, altura do bairro da Prata em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense, no Rio, e negociavam a libertação de passageiros feitos reféns por um homem, segundo informações da Polícia Rodoviária Federal.

Inicialmente os policiais teriam recebido a informação de que ele havia assaltado um posto de gasolina na Dutra e depois teria fugido num ônibus da Viação Tinguá, que foi interceptado por policiais militares na altura de Nova Iguaçu, em frente à fábrica da Granfino.

A PM começou a agir porque o passageiro Paulo Roberto Melo André ligou de celular para a esposa contando que um homem armado entrara no ônibus na altura do Bairro Palhada, em Nova Iguaçu, e pediu que ela acionasse a polícia.

O motorista do ônibus 499 (Cabuçu-Central do Brasil), Flávio Teles de Menezes, 45 anos, e que foi libertado com um grupo de passageiros, disse que o homem entrou muito nervoso, já acompanhado da ex-mulher a quem ele mantinha refém com uma arma apontada para a cabeça dela. Os dois pararam em frente ao ônibus, obrigando o motorista a parar.

Aos passageiros, o homem contou quer não queria machucar ninguém e que era trabalhador, tinha construído uma casa com dificuldades para a mulher e os três filhos e que ela o traiu.

O motorista e o cobrador participam da negociação para a rendição do seqüestrador junto com policiais. Passageiros libertados dizem que o homem estava muito descontrolado e que ele bateu na ex-mulher na frente de todos.

O ônibus, dirigido por um dos passageiros, foi deslocado para o acostamento.

Um helicóptero da PM sobrevoa a Dutra. Homens do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) da PM também estão no local para acompanhar as negociações.

A Polícia Rodoviária Federal orienta o trânsito na rodovia, que está com cerca de 2 quilômetros de engarrafamento nos dois sentidos.

O Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) de Nova Iguaçu atendeu três passageiros do ônibus esta manhã. São eles: Rosa Pereira Lima, de 75 anos; Ana Cristina Campos, de 38 e Francisco Alves, de 40. Todos tiveram crise hipertensiva e foram medicados no local.