Com isso, fica descartada a possibilidade de as mortes terem ocorrido ainda no ar, em decorrência da despressurização do avião. Os laudos são imprescindíveis para as famílias retirarem o seguro de vida e darem entrada no inventário.
O laudo cadavérico das vítimas do acidente com o Boeing da Gol, ocorrido em 29 de setembro e que matou todos os 154 ocupantes da aeronave, garante que os passageiros morreram de "politraumatismo, em razão da ação de instrumento contundente".
Com isso, fica descartada a possibilidade de as mortes terem ocorrido ainda no ar, em decorrência da despressurização do avião. Os laudos são imprescindíveis para as famílias retirarem o seguro de vida e darem entrada no inventário.
Um dos representantes das famílias, o empresário Jorge André Cavalcante, 40 anos, no entanto, ainda acredita na possibilidade de todas as 154 pessoas terem morrido no ar. "A Aeronáutica nos disse que não havia conversa ou gritos na caixa-preta do Boeing depois do choque com o Legacy", lembra. "Além disso, pense bem: eles estavam a 850 km/h e, de repente, começaram a cair a 100 km/h. Ninguém resistiria a mudanças bruscas de velocidade e de pressão."
Está marcada para o dia 18 de dezembro, às 10h de Nova York, a primeira audiência para julgar o pedido de indenização às famílias das vítimas do acidente do vôo 1907 da Gol. Dez famílias de vítimas do acidente são representadas na ação contra a ExcelAire, dona do jato Legacy que se chocou com o Boeing da Gol, e contra a Honeywell, fabricante do TCAS, equipamento que sinaliza rota de colisão entre aeronaves.
"Nunca conseguiríamos ouvir a ExcelAire, a Honeywell e os pilotos se a ação fosse julgada pela Justiça brasileira. Como as empresas têm sede nos Estados Unidos, ficaria mais fácil buscarmos essas explicações diretamente lá", explica Cavalcante. Aqui no Brasil, as famílias das vítimas irão interpelar judicialmente apenas a Gol.
Na próxima sexta-feira, às 10h, será lançada oficialmente a Associação dos Familiares e Amigos das Vítimas do Vôo 1907. O principal objetivo da entidade será proteger as famílias das vítimas contra o assédio de advogados que, segundo Cavalcante, as procuram insistentemente.
"Muitos desses advogados são ligados a outras associações, como a das vítimas do acidente da Tam [ocorrido em 31 de outubro de 1996]. Por favor, nos respeitem. Estão querendo tirar proveito das famílias."
As buscas pelo corpo da última vítima, Marcelo Paixão, ainda continuam no norte de Mato Grosso. Oitenta homens do Exército e da Aeronáutica continuam no local. Ele foi o único a não ter sido reconhecido ainda pelo Instituto de Medicina Legal (IML) de Brasília.