O som afinado de 13 berimbaus ecoou no iluminado Teatro Deodoro para anunciar a abertura de uma das mais importantes solenidades do ano: a entrega da Medalha da Ordem do Mérito dos Palmares a personalidades do Estado, que se destacaram na luta pela preservação da cultura alagoana.
O som afinado de 13 berimbaus ecoou no iluminado Teatro Deodoro para anunciar a abertura de uma das mais importantes solenidades do ano: a entrega da Medalha da Ordem do Mérito dos Palmares a personalidades do Estado, que se destacaram na luta pela preservação da cultura alagoana. Os berimbaus, tocados pelos maiores mestres de capoeira do Estado, formavam uma grande orquestra que chamou os convidados a refletir um país sem diferenças, enquanto ouvia-se ao hino nacional.
Na ocasião, autoridades políticas e religiosas e descendentes legítimos da cultura afro, em Alagoas, os quilombolas, prestigiaram a festa em nome da igualdade racial, da diversidade cultural, da consciência negra. Foram agraciados o diretor da Fundação Palmares em Brasília, Edvaldo Mendes Araújo; o presidente da Academia Maceioense de Letras, Cláudio Antônio Jucá Santos; a museóloga Carmem Lúcia Dantas; o presidente da Federação dos Cultos Afro-Umbandistas de Alagoas e mais antigo babalorixá de Alagoas, José Benedito Maciel, que hoje está com 99 anos, e a cantora Leureny Barbosa, o psicólogo e professor universitário e Severino do Ramos Correia (Lepé Correia).
O primeiro a receber a comenda, o professor, Lepé Correia, lembrou no seu discurso, a importância de lutar pela causa do negro, ele falou de uma sociedade hipócrita que presa pela igualdade, porque não consegue conviver com as diferenças. “Que o nome do grande Zumbi possa ser exaltado e independente de prêmios e honrarias, é uma satisfação trabalhar pela causa negra e aprender a estar de braços ouvidos e mentes abertas para que a relação democrática não precise mais de disfarçar. Chegará o dia em que Zumbi será reconhecido como o herói brasileiro do povo brasileiro”, ressaltou Lepé Correia emocionado.
Assim também o presidente da Fundação Palmares, Edvaldo Mendes Araújo (Zulu Araújo) ressaltou a importância da resistência, da luta pela aceitação das diferença que culmina com a igualdade. Ele iniciou seu discurso lendo uma mensagem do Ministro da Cultura, Gilberto Gil, que pregava a diversidade como fundamento e valor da igualdade. Em suas palavras o ministro dizia que “o Brasil é o que é, porque é negro, branco, amarelo, plural”.
Já o governador Luis Abílio falou do trabalho científico produzido pelos principais pesquisadores do Estado, com o apoio do governo, a fim de encontrar subsídios para preservar a cultura do povo alagoano, descendente direto de zumbi. “Essas comemorações não devem ser apenas uma determinação formal do Estado numa data solene, mas o elo entre o povo e a conscientização. É o momento da nação se debruçar em si mesma e neste momento uma palavra estará em jogo: a liberdade”, disse Abílio.
Para a Secretária de Proteção e Defesa das Minorias, Patrícia Mourão, não dá para negar o avanço da conscientização do alagoano. “As comemorações da semana da Consciência Negra caracterizam-se pela descentralização dos recursos e apresentações, fortalecendo e valorizando grupos culturais de Maceió e de União. Hoje podemos notar que há um avanço que se consolidará cada vez mais com a existência do Parque Memorial dos Palmares”, afirmou Mourão.