A novidade me pegou de surpresa; à publicação de uma crônica minha nos EUA na página de opinião do jornal mais lido do mundo – o Time. Como isso aconteceu?
A novidade me pegou de surpresa; à publicação de uma crônica minha nos EUA na página de opinião do jornal mais lido do mundo – o Time. Como isso aconteceu?
Pode-se pensar que foi através da internet, onde meu texto falava de nossa miscigenação; da capacidade que o Brasil tem de conviver com a diversidade das raças e várias manifestações culturais. Também poderia ter sido a hipótese de um jornalista americano passando por Maceió. Mas, nada disso aconteceu. Foi então o filho de um amigo que reside em Nova York? Será que ele levou minhas crônicas na mala com a intenção de ajudar um despretensioso escritor alagoano?
É… Acho que foi por aí toda essa história; e ele resolveu ir ao jornal convencer a tal publicação. Não deu noutra, o editor gostou e publicou logo na edição de domingo. Sabe como é americano né? Quando ajuda um sujeito ele logo se dá bem, fica famoso e rico, bem de vida e reconhecido; a exemplo de alguns brasileiros que os ianques avalizaram, tais como: Roberto Campos; Delfim Neto; Pelé; Tom Jobim; FHC; Lula e Cia.; Carmem Miranda e tantos outros.
Fiquei delirando com este fato extraordinário da publicação da crônica que poderia abrir-me portas – e falei pros meus botões: Quem dera! Já pensou um nordestino na pauta do maior jornal do mundo? Muita gente iria morder a língua e os beiços de inveja. Mas a verdade é que foi mero acaso. Talvez a intenção do editor fosse querer mostrar um pouco o mundo latino e subdesenvolvido em suas páginas.
Pelo sim ou pelo não, a literatura é universal, bem como a alma humana é a mesma em qualquer lugar do mundo, e a crônica tem essa interação. Em todo caso, quero dizer que em minha vida desde tenra infância sempre fui um contador de estórias.
Agora me responda: é claro que você não vai acreditar nessa estória de jornal americano, ou em nada do que eu disse sobre a tal publicação até agora certo? Porque tudo não passou de um sonho depois daquela cesta domingueira após a praia. Isso foi delírio de maresia, esse iodo do mar que nos dá aquela moleza e ainda nos abre o apetite, fazendo a gente cochilar pesado e sonhar essas coisas.
Só não gostei porque balançaram a rede e eu acordei na melhor parte do sonho, quando já ia me tornando celebridade internacional, me tirando o prazer da grande fama. Até gostei em voltar à realidade; realidade esta que também não passa de um sonho. E entre o sonho e a realidade tudo ao final vai dá em nada, como diz a canção do Gilberto Gil.
Em todo caso foi bom acordar e ver um belo pôr- do- sol – o mesmo que ilumina o hemisfério norte. E sentir um cheiro de café no bule que vinha lá de dentro; este café que tem um sabor me acompanha desde menino, e que eu tanto aprecio.