Integrantes de movimentos ligados a trabalhadores rurais sem-terra estão montando acampamento na praça Sinimbu, no Centro de Maceió.
Cerca de 5 mil trabalhadores rurais ligados aos movimentos Terra Trabalho e Liberdade(MTL), de Libertação dos Sem Terra (MLST), Comissão Pastoral da Terra (CPT) e Sem-Terra (MST), estão em Maceió para realizar um protesto em memória ao assassinato do integrante do MST, Jaelson Melquíades, morto em novembro de 2005 além de reivindicar agilidade nos processos de reforma agrária.
Os militantes foram chegando por volta das 11h da manhã e se alojaram na praça Sinimbu onde, neste momento, montam o acampamento.
Segundo um dos coordenadores do Movimento Sem Terra (MST), José Santini, ônibus de diversas regiões de Alagoas estão a caminho de Maceió para realizar de uma caminhada na manhã desta quarta-feira.
“Ainda não temos nada definitivo com relação à caminhada. Hoje à noite, as lideranças dos quatro movimentos estarão reunidas para definir a pauta de reivindicação de amanhã. No entanto, pretendemos ficar acampados cerca de 5 dias mas caso nenhuma de nossas reivindicações não sejam atendidas ficaremos por tempo indeterminado”, afirma.
Em Atalaia, cidade onde morreu o integrante do MST, a manifestação está marcada para acontecer a partir das 10h e o movimento espera a participação de cerca de três mil trabalhadores rurais.
A caminhada, pelas principais ruas de Atalaia, denunciará a violência cometida contra as famílias sem-terra e a impunidade que tem sustentado esses crimes.
Na região, há um grande predomínio de latifúndio canavieiro, que se tornou uma das maiores áreas de conflito agrário do Estado. Em 11 anos, foram assassinados três trabalhadores rurais, sendo o caso de Jaelson Melquíades, o mais recente.
Jaelson foi assassinado com cinco tiros, próximo a um assentamento, na região de Ouricuri. E um ano após o crime, executores e mandante continuam soltos. Outros assassinatos na região foram o de José Elenilson (assassinado há sete anos) e Chico do sindicato (assassinado há onze anos), ambos sem punição.
Hoje, das 25 fazendas da falida usina Ouricuri, 13 estão ocupadas pelo MST e atualmente constituem sete assentamentos, cinco acampamentos e um pré-assentamento (Genivaldo Moura).
Os assentamentos Canudos e José Elenilson foram os primeiros e suas produções chegam a abastecer semanalmente três caminhões pequenos de macaxeira, feijão de corda, abóbora, melancia, amendoim (principal plantação), entre outros, que vão para a feira no centro de Atalaia.