De acordo com a Infraero, em Alagoas, três vôos que tinham previsão de decolar até as 21h15 ainda estão no Aeroporto Internacional Zumbi dos Palmares.
A Anac (Agência Nacional da Aviação Civil) cancelou na noite desta terça-feira todas as decolagens dos aeroportos internacionais de Confins, em Minas Gerais, e Brasília. Em Congonhas –na zona sul de São Paulo– apenas a ponte aérea São Paulo-Rio operam normalmente.
O cancelamento deve afetar cerca de 100 vôos. Segundo a Infraero –estatal que administra os aeroportos do país–, 42 decolagens estavam previstas para depois das 19h30 no aeroporto internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília. O aeroporto de Confins tinha previsão de 13 decolagens. No aeroporto de Congonhas estavam previstas decolagens de 48 vôos.
De acordo com a Infraero, em Alagoas, três vôos que tinham previsão de decolar até as 21h15 ainda estão no Aeroporto Internacional Zumbi dos Palmares. Dois deles pertencem à companhia Ocean Air e vinham de Curitiba e Porto Alegre, com destino a Fortaleza e Salvador. O outro é da Gol, que vem do Rio de Janeiro, com destino a São Paulo – esse tinha previsão de embarque às 16h25.
A medida visa a diminuir a lotação nos aeroportos, causada por uma falha de comunicação entre o controle de vôo do Cindacta 1 (Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo) e os aviões. Todos os vôos que decolariam depois das 19h30 foram afetados. Os vôos que partiriam antes deste horário mas que estão atrasados decolarão durante a noite.
A agência também autorizou que os pousos em Congonhas sejam feitos durante a madrugada. Normalmente o aeroporto funciona até a 0h30.
"A previsão é de que o sistema continue com problemas, principalmente na manhã de quarta-feira. Não há previsão de normalização", afirma Milton Zuanazzi, presidente da agência. "Nunca houve um colapso desse tamanho", completa.
A recomendação de Zuanazzi é de que os passageiros devem procurar as companhias aéreas, já que os vôos só devem partir amanhã.
O comandante do Cindacta 1, coronel-aviador Carlos Vuyk de Aquino, explicou que o problema foi causado por uma falha na ligação entre os sistemas ativo e reserva de freqüências de rádio. Os dois operam juntos, totalizando 20 faixas diferentes. Com o defeito, houve redução na capacidade de comunicação para 13.
A falha nos equipamentos dificultou o contato entre os controladores e as aeronaves, já que havia menos freqüências para o mesmo número de aviões.
Por volta das 13h, houve um problema mais grave, que levou a uma queda total do sistema de comunicação por rádio. Por medida de segurança, o Cindacta 1 orientou que todos os aviões que passassem por sua área a pousar e também proibiu novas decolagens. Essa operação durou até as 16h.
No fim da tarde, segundo Aquino, 15 das 20 freqüências já estavam em funcionamento. No entanto, a área técnica do Cindacta avalia se a qualidade da comunicação está dentro dos padrões de qualidade (com pouco nível de ruído).
"O equipamento que faz essa comunicação [entre ativo e reserva] chama-se central de áudio Sitti, de fabricação italiana e com seis anos de uso, o que é pouco. Nós estamos fazendo a substituição da mesma central em Curitiba, que tem 20 anos", disse Aquino.
Desde o final de outubro, os passageiros têm enfrentado constantes atrasos nos principais aeroportos do país. Inicialmente, os atrasos foram causados pela chamada operação-padrão dos controladores de tráfego aéreo, que, de forma isolada, decidiram aumentar o espaçamento entre as decolagens. O objetivo seria garantir a segurança dos vôos, após o acidente com o Boeing da Gol, que causou a morte dos 154 ocupantes.
O resultado do movimento foi uma seqüência de atrasos e cancelamentos de vôos. O setor entrou em colapso na madrugada do último dia 2 de novembro, feriado de Finados. No dia 14 do mesmo mês, véspera do feriado da Proclamação da República, grandes atrasos voltaram a ser registrados nos principais aeroportos do país. Na ocasião, os problemas seriam resultado da falta de controladores no Cindacta 1, em Brasília.
Entre os últimos dias 19 e 20 de novembro, os passageiros enfrentaram transtornos atribuídos, desta vez, à chuva e ao efeito bola-de-neve causado pelo rompimento um cabo de fibra ótica do Cindacta 2 (Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo) –que coordena o tráfego na região Sul.