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Software ajuda polícia americana a prever homicídios

Richard Berk, criminologista da Universidade da Pensilvânia especializado em estatística, elaborou um modelo inovador de detecção de potenciais assassinos

Richard Berk, criminologista da Universidade da Pensilvânia especializado em estatística, elaborou um modelo inovador de detecção de potenciais assassinos. O programa prevê quais pessoas já fichadas na polícia são mais propensas a cometer um homicídio. Berk afirma que o produto será entregue ao Departamento de Liberdade Condicional no Ano Novo e a ferramenta começará a ser testada em março.

Segundo o site KansasCity.com, a pesquisa sugere que o software pode tornar a investigação de crimes letais até 40 vezes mais fácil. O projeto é financiado pela iniciativa privada e está disponível em domínio público, ou seja, o produto será entregue gratuitamente à cidade.

"O artifício nos ajudará a concentrar nossas atenções nas pessoas mais perigosas", disse Ellen Kurtz, diretora do Departamento. "Eu não me importo com pequenos ladrões, mas me importo muito com assassinos, obviamente". Quando os investigadores começarem a usar o modelo, eles vão registrar as informações sobre cada preso e o programa indicará quais casos oferecem maior risco e merecem supervisão mais intensa.

Sociólogos já produziram centenas de estudos sobre delinqüentes para tentar identificar quais criminosos em liberdade condicional têm maior probabilidade de cometer infrações. Porém, como os homicídios são relativamente raros, são também mais difíceis de prever. De todos os criminosos em liberdade condicional na Filadélfia, somente 1% comete assassinato.

Já é bem conhecido o fato de que a probabilidade de se tornar um assassino diminui com a idade, especialmente entre 18 e 30 anos. Mas a inovação do sistema está no fato de que ele usa a técnica chamada de "step-function" para mostrar quão rapidamente e quando a recaída pode acontecer. "Na verdade, o risco não diminui de uma forma suave e retilínea", mas cai drasticamente em certos pontos e por certas razões, segundo Berk.

De acordo com o site do Philadelphia Inquirer, a questão central é um problema de alocação de recursos. Sem os recursos necessários para conduzir os trabalhos, os profissionais designados para investigar os diversos casos encontram-se sobrecarregados, precisando fazer uma triagem para selecionair os casos que requerem atenção mais urgente.

A ferramenta trabalha com 30 ou 40 variáveis em uma checklist no computador. Esses fatores são associados a futuros crimes letais.Alguns dos pontos que o pesquisador considera agravantes para a pessoa se tornar homicida são: ser jovem, ter cometido um crime sério prematuramente e ser homem.

Assim, mesmo um crime grave como assalto a mão armada pode não significar muito risco se o infrator for maior de 30 anos, mas será alarmante se o criminoso tiver 18 anos. O fator que, segundo analista, mais se destaca é a exposição de jovens à violência.

"Individualmente, nenhum destes fatores fará a pessoa puxar o gatilho. Mas, se colocarmos todos juntos, provavelmente teremos uma tempestade perfeita de forças violentas", diz o criminologista.

O software se baseia em uma pesquisa sobre casos ocorridos entre 2002 e 2004. Eles analisaram cada indivíduo, com atenção especial para aqueles que se tornaram homicidas. Com as informações obtidas, criou-se o modelo. O que ainda falta no projeto é casar o software com o sistema de TI do Departamento de Liberdade Condicional.