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R$ 367 ou R$ 375: Entenda a briga no aumento do salário mínimo

Desafio é aumentar salário e conseguir reduzir os gastos públicos.

Roosevelt Pinheiro

Mantega quer reajuste moderado

Mantega quer reajuste moderado A semana foi de discussões sobre o novo valor do salário mínimo. Apesar da tentativa de se chegar a um consenso, crescem as apostas de que a decisão final sobre o tema ainda não deva ser anunciada na próxima semana. Há quem acredite que o valor só saia em janeiro.

De um lado, as centrais sindicais reivindicam que a quantia mínima paga ao trabalhador por mês, atualmente em R$ 350, suba para R$ 420. Do outro, o governo, pressionado de todos os lados para cortar os gastos públicos – que incluem o salário mínimo e a pensão dos aposentados -persiste no discurso de diminuição dos reajustes e concentra o discurso dos ministros em torno dos R$ 375. Este é o valor já previsto no Orçamento.

Entretanto, há uma voz forte no Palácio do Planalto, a do ministro Guido Mantega (Fazenda), que defende o mínimo de R$ 367 no ano que vem. Mantega argumenta que a lei que rege o mínimo prevê reajuste de acordo com a inflação. E os preços do país subiram menos que o esperado no ano. Portanto, seguindo o que está escrito na legislação, o governo deve reajustar o salário mínimo em R$ 17, e não R$ 25.

Na quinta-feira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, voltou a bater na tecla de que o aumento que o governo vai dar ao mínimo será "moderado" para não provocar um grande impacto na Previdência Social. "Quando eu digo que é melhor dar aumento moderado para o salário mínimo para que sobrem mais recursos para investimentos, eu estou dizendo para os trabalhadores que isso significa gerar mais empregos", explicou.

Enxugar as contas

A diminuição dos gastos públicos tem sido a principal bandeira dos críticos ao governo para o segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Com as contas mais enxutas, seria possível investir mais em obras de infra-estrutura, como usinas hidrelétricas, estradas, ferrovias, portos e aeroportos, que ajudariam a economia a crescer mais do que os 2,8% previstos para este ano.

Segundo o ministro Mantega, o momento atual é de "concentrar esforços" para o crescimento maior da economia. "Se a gente subir muito a despesa corrente, não vai sobrar recurso para investimentos. E assim a economia vai crescer menos". O presidente Lula pediu um pacote fiscal aos ministérios em que exigiu o corte de gastos e a redução de impostos.

Um reajuste menor ao salário mínimo ajudaria a reduzir despesas fixas, como as com Previdência. Entretanto, com o forte apelo do presidente Lula para as questões sociais, é difícil dizer se ele "compraria" o desgaste de desagradar os eleitores com um aumento menor do mínimo, mesmo que com o objetivo de fazer a economia crescer mais.

Acordo difícil

O debate em torno do tema ainda não sinaliza estar próximo do fim. O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, afirmou nesta quinta-feira (7), que um acordo sobre o valor do salário mínimo em 2007 deve ser alcançado somente no fim de janeiro.

Segundo ele, o valor tem que ficar acima de R$ 375, podendo chegar até R$ 420,00, que é o valor proposto pelas centrais sindicais. "A proposta de R$ 367 já está fora", avisou.

Entretanto, o ministro Guido Mantega já deu sinais de que a proposta que ele defende ganha espaço dentro do governo. Em entrevista a jornalistas, na quinta-feira (7), ele garantiu que não é "uma voz isolada" no governo federal.