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Homem se joga no rio para salvar criança de três anos

O analista de sistemas Adriano Levandoski de Miranda, 27, acordou desanimado para trabalhar ontem porque seu plantão coincidiu justamente com o dia do seu aniversário. Ele não conseguiu, porém, chegar ao trabalho porque no caminho teve que furtar uma moto e salvar uma criança atirada ao rio.

O analista de sistemas Adriano Levandoski de Miranda, 27, acordou desanimado para trabalhar ontem porque seu plantão coincidiu justamente com o dia do seu aniversário. Ele não conseguiu, porém, chegar ao trabalho porque no caminho teve que furtar uma moto e salvar uma criança atirada ao rio.

O aniversário de Miranda começou a se tornar inesquecível por volta das 9h30, quando ele caminhava em direção ao trabalho pela ponte da av. João Dias, em Santo Amaro, zona sul de São Paulo.

Duas pessoas agitadas mostravam a mãe que acabara de se jogar no rio Pinheiros agarrada ao filho de três anos, de uma altura de seis metros. Na região, o rio chega a dois metros de profundidade em determinados pontos, segundo a polícia.

Desesperado, Miranda pediu emprestada a moto de um dos curiosos que observava a cena. "Ele não quis emprestar. Quando ele virou as costas, eu peguei a moto dele e saí", explicou o analista. A moto parada ainda com o motor ligado.

O veículo foi utilizado para chegar à margem, perto de onde a mãe e a criança eram arrastadas. Mirando dirigiu pela contramão, desviando dos outros veículos, pois era o caminho mais curto. A mãe, de 26 anos, havia amarrado o cadarço do tênis do filho para levá-lo consigo ao fundo das águas. "Ela queria que a criança fosse com ela, que a acompanhasse para o mundo melhor", disse o delegado Avelino Jorge Alves da Costa Júnior, 42, sobre a explicação dada pela mulher durante depoimento no hospital.

Miranda disse que quando pulou na água poluída só lembrava do filho de dois anos. Ele saltou um obstáculo e entrou pela cintura "Acho que foi o instinto paterno. Pensei que alguém faria o mesmo se fosse o meu filho", disse ele, que refutou durante toda a entrevista o título de herói. "Qualquer um teria feito o que eu fiz", repetia ele.

Miranda disse que pegou a criança e não viu como a mãe conseguiu deixar o rio. Ele acredita que ela foi ajudada por dois homens que não conseguiu reconhecer. A polícia também informou não ter uma versão exata do fato.

O delegado afirmou que Miranda não responderá pelo furto da moto porque agiu por "estado de necessidade" e porque a vida do garoto era um bem maior do que a posse da moto. "Se não fosse a atitude dele, o desfecho dessa história seria outro", afirmou o delegado.

Mãe e filho foram levados para o hospital. A mulher teve uma lesão na coluna, sem gravidade. Ela foi presa em flagrante por tentativa de homicídio qualificado –ela pode ser condenada de seis a 20 anos de prisão, segundo a polícia. A família disse que ela enfrenta problemas psicológicos. "Neste momento, acho que ela precisa mais de ajuda do que ser presa", afirmou o tio da mãe G.C., 37.

A criança permanecia até as 20h de ontem internada sob avaliação dos médicos, mas não apresentava trauma físico. Segundo familiares, o menino estava muito assustado, repetia que havia caído no rio e que queria deixar o hospital.

Miranda deixou o 11º DP (Distrito Policial) de Santo Amaro, onde o caso foi registrado, por volta das 18h. "Vou passar no trabalho para dar uma satisfação", disse.