Passei anos até descobrir o verdadeiro sentido da expressão “tempo é dinheiro”. E só entendi o real significado dela quando percebi que andava sem tempo e – conseqüentemente – sem grana.
Passei anos até descobrir o verdadeiro sentido da expressão “tempo é dinheiro”. E só entendi o real significado dela quando percebi que andava sem tempo e – conseqüentemente – sem grana.
Quando criança, meu sonho era possuir uma máquina do tempo. Não para fazer viagens fantásticas, mas para transformar horas, minutos e segundos em notas de cruzeiros. Adulto, vi que era perda de tempo pensar assim. Vi que os poucos seres humanos que conseguem ganhar dinheiro com o tempo são os relojoeiros que, aliás, ainda estão numa profissão da hora.
Hoje, meu sonho é um dia ganhar R$ 24 mil por mês, igual a parlamentar. Mas por enquanto, o salário que eu tenho é pra lamentar.
Aliás, ultimamente, o único lugar em que eu encontro dinheiro é no dicionário (numa versão de bolso, porque a falta de recursos me impede de comprar um Aurélio de respeito). E por ora, a única coisa que tem entrado no meu bolso é o tal dicionário.
E quando perguntam se eu tenho dinheiro, eu saco o livrinho e abro na letra “D”. Mas por condicionamento, sempre paro na página da palavra “Dívida”, que vem depois de Dinheiro no dicionário e em primeiro na minha vida. E ando correndo delas como o diabo foge da cruz.
Certa vez chegaram a me perguntar o que eu queria ganhar de presente de Natal. Respondi de pronto que queria ter asa. Confesso que atualmente tenho trocado o Ter pelo Ser. De Serasa.
Recentemente, um amigo europeu me perguntou se o Real ainda era a moeda corrente do Brasil. É corrente do Brasil e de mim, respondi. Nunca vi nada correr tanto de mim como as cédulas brasileiras.
Mas me conformo com o que não tenho porque sei que, no fundo (que não é o monetário internacional), a felicidade não se compra. Definitivamente, assumi o papel (que também não é o moeda) que me cabe neste pobre mundo do dinheiro. Mais que isso, sou um pobre no mundo do dinheiro.