Milhares de passageiros foram atingidos por uma seqüência de atrasos e cancelamentos de vôos que, mais uma vez, provocou a superlotação dos saguões e salas de embarque dos terminais.
A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) informou que fará, nesta terça-feira, uma auditoria na empresa TAM Linhas Aéreas, com sede em São Paulo, "para conhecer os motivos dos transtornos registrados nos últimos dias."
A agência informou que ainda nesta terça-feira funcionários da Anac vão fiscalizar os sistemas de reservas das empresas aéreas para acompanhar as vendas de passagens e reservas feitas para o feriado do Ano Novo. O sistema de reservas das empresas fica em São Paulo, com exceção da Varig, que está localizado no Rio de Janeiro.
Em nota divulgada no começo da tarde desta segunda-feira, a Anac atestou que a espera dos principais aeroportos brasileiros diminuiu, mas o número de cancelamentos aumentou. Desde a noite de terça (19), milhares de passageiros foram atingidos por uma seqüência de atrasos e cancelamentos de vôos que, mais uma vez, provocou a superlotação dos saguões e salas de embarque dos terminais.
Dos 635 vôos programados entre a 0h e as 10h30 desta segunda, 79 atrasaram mais de uma hora e 143 foram cancelados. O número de cancelamentos equivale a 22,52% do total.
De acordo com a própria agência, houve mais cancelamentos nesta segunda devido à "reorganização da malha aérea e à readequação dos horários dos vôos".
A TAM informou que, após as 12h, não há registro de atrasos em seus vôos e que o atendimento nos balcões de check-in está normalizado.
Os problemas são provocados por um "efeito dominó" que, ainda segundo a Anac, começou com o fechamento –por cerca de 50 minutos– do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, devido ao mau tempo, na noite de terça; à parada de seis aviões da TAM para manutenção e à queda da rede de dados da companhia no aeroporto Tom Jobim, no Rio, naquela mesma noite.
O "sumiço" das aeronaves da TAM e as dificuldades de reagendar os vôos e reacomodar os passageiros levantou suspeita de "overbooking" –venda de passagens acima da capacidade dos aviões. Para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, houve irregularidade e a ela cabe grande parte da culpa pela crise atual. "Não dá para passageiro ficar no aeroporto esperando avião que não existe", afirmou sábado (23).
Desde sexta-feira (22), a venda de passagens da TAM está suspensa. De acordo com a Anac, a partir da semana que vem, uma comissão irá investigar os sistemas de reserva e venda das principais companhias aéreas que operam no país.
Desde sexta-feira, os aviões colocado pela FAB (Força Aérea Brasileira) à disposição das empresas aéreas transportaram 1.676 passageiros da TAM, ainda de acordo com a Anac. Dentre os vôos, quatro foram realizados domingo (24). No mesmo dia, seis aviões da BRA, Varig, OceanAir e Gol também transportaram passageiros da TAM.
Desde outubro último, o setor aéreo enfrentou diversas seqüências de atrasos e cancelamentos de vôos. No começo, elas foram causadas pela operação-padrão dos controladores de tráfego aéreo, que restabeleceram à força parâmetros internacionais de segurança. Recentemente, porém, houve atrasos provocados por uma pane e, agora, pelo fechamento de Congonhas.
Para o Snea (Sindicato Nacional das Empresas Aéreas), a situação nos aeroportos do país só deve ser inteiramente normalizada no primeiro semestre de 2007.