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Em último dérbi no campo do Palmeiras, só torcidas não brigaram

No último dérbi disputado em território palmeirense, houve muita confusão entre jogadores, dirigentes e árbitros. Já entre os torcedores, motivo principal de preocupação da Polícia Militar para o clássico do próximo domingo, a paz reinou.

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Neste domingo, Palmeiras e Corinthians acabarão com um hiato que já dura quase 40 anos. Pela primeira vez desde 1976, os rivais irão se enfrentar no estádio alviverde, e não em um campo neutro, como Pacaembu ou Morumbi. A partida está marcada para 17h (horário de Brasília), no Allianz Parque, a nova arena palestrina.

No último dérbi disputado em território palmeirense, houve muita confusão entre jogadores, dirigentes e árbitros. Já entre os torcedores, motivo principal de preocupação da Polícia Militar para o clássico do próximo domingo, a paz reinou.

Os conflitos começaram já nos vestiários do antigo Palestra Itália. Segundo relato do jornal O Estado de S. Paulo, cartol palestrinos brigaram com dirigentes da FPF (Federação Paulista de Futebol) porque a entidade não inscreveu o zagueiro Samuel, que havia sido recém-contratado da Ponte Preta, a tempo de participar da partida, o que causou muita confusão.

Apesar da briga, porém, os alviverdes estavam sorridentes, já que tinham acabado de acertar a contratação do meia-atacante Jorge Mendonça, então jogador do Náutico, que viria a se tornar ídolo no Palestra Itália. O salário era uma fábula para a época: Cr$ 11 mil por mês, o que hoje daria R$ 4.491,17.

Em campo, a partida começou com 30 minutos de atraso, após uma falha nos refletores. Em uma partida tensa, válida pelo Torneio Nacional/Taça Governador do Estado, o Corinthians abriu o placar aos 35 do primeiro tempo, com Tião, aproveitando cruzamento de Adãozinho e falha do zagueiro palmeirense Alfredo, que hesitou ao pular e viu o alvinegro mandar no canto esquerdo de Leão.

A partir daí, porém, o elenco alvinegro perdeu a cabeça. Aos 25 do segundo tempo, Roberto Miranda deu carrinho violento em Dudu, brecou contra-ataque e foi expulso pelo árbitro José de Assis Aragão. "Foi uma falta dura, mas o próprio Dudu reconheceu que não tive intenção de machucá-lo. Eu não poderia deixá-lo passar, porque poderia sair um gol", justificou, na saída do gramado do Parque Antarctica.

Segundo o Estado de S. Paulo, a partir desse lance, Aragão perdeu o controle da partida. Pouco depois de mandar Roberto para o chuveiro mais cedo, ele ainda expulsou o massagista corintiano, Rocco, depois que ele entrou em campo sem autorização para atender Adílson. Coube ao meia Vaguinho atender o companheiro caído com uma bolsa de gelo. Aragão não gostou da atitude e também expulsou o atleta.

"Eu não entendo esse juiz. Fui buscar a bolsa d’água porque o Adílson estava desacordado e podia sofrer uma hemorragia. Podia ser até um caso de morte", reclamou Vaguinho.

Depois de muita briga entre os jogadores do Corinthians e o árbitro, a partida foi reiniciada. O clube alvinegro se segurou com dois a menos até os 43 minutos, quando Nei aproveitou cruzamento da direita e bateu de primeira para vencer o goleiro Tobias e decretar o empate. Foi a senha para ainda mais confusão.

"Terminada a partida, enquanto os jogadores do Palmeiras saíam de campo calmamente, os do Corinthians cercavam o juiz, só não acontecendo algumas agressões por causa da intervenção de César, que estava na reserva, e de vários policiais, que acalmaram os jogadores e protegeram o juiz", relatou o Estadão.

Após esse jogo, os rivais paulistas passaram quase quatro décadas anos sem jogar na casa palmeirense, o que irá acabar neste domingo, no mesmo campo do Palestra Itália onde Tião e Nei deixaram suas marcas naquela quarta-feira distante.

FICHA TÉCNICA

PALMEIRAS 1 x 1 CORINTHIANS
Torneio Nacional/Taça Governador do Estado

Local: Estádio Palestra Itália, em São Paulo-SP
Data: 21 de janeiro de 1976, quarta-feira
Horário: Noite
Árbitro: José de Assis Aragão (SP)
Cartões vermelhos: Roberto Miranda e Vaguinho (COR)

GOLS
PALMEIRAS: Nei, aos 43 minutos do segundo tempo
CORINTHIANS: Tião, aos 25 minutos do segundo tempo

PALMEIRAS: Leão; Jair Gonçalves, Arouca, Alfredo e Donizetti; Dudu (Erb), Didi e Ademir da Guia; Edu (Zuza), Toninho e Nei Técnico: Dino Sani

CORINTHIANS: Tobias; Zé Maria, Darci, Ademir e Vladimir; Helinho e Tião; Vaguinho, Roberto (Adílson) (Cláudio), Geraldo e Adão Técnico: Milton Buzeto