Brian De Mulder se radicalizou na Bélgica e viajou para a Síria. Sentença de líder da organização Sharia4Belgium foi de 12 anos de prisão.
O jovem belga de origem brasileira Brian De Mulder, foi condenado nesta quarta-feira (11) na Bélgica a cinco anos de prisão por envolvimento com um grupo jihadista que incentivou a violência islâmica na Síria e enviou jihadistas para o país.
Brian, que é filho de uma brasileira, está desaparecido desde que deixou a Autuérpia. Sua mãe acredita que ele está na Síria.
Outros 45 suspeitos de pertencerem à organização Sharia4Belgium também foram julgados.
Fuad Belkacem, de 32 anos, ideólogo e principal pregador da Sahria4Belgium, foi condenado pelo Tribunal Correcional de Antuérpia a 12 anos de prisão por ter liderado o grupo de inspiração salafista, considerado como o principal provedor de combatentes para a Síria da Bélgica.
"Belkacen é responsável pela radicalização dos jovens e de prepará-los para o combate armado em que não há valores democráticos", afirmou o juiz do caso. "Sahria4Belgium recrutava jovens para a luta armada e organizava a sua viagem para a Síria", acrescentou. A promotoria havia pedido uma sentença de 15 anos para o líder do grupo.
Sete outros detidos presentes no julgamento foram condenados a penas que variam de três a cinco anos, alguns com a suspensão condicional da condenação.
De todos os detidos, apenas nove foram apresentados ao tribunal e um foi retirado por razões médicas. Os outros 37 ainda estão na Síria ou morreram nos combates.
O tribunal pronunciou as penas máximas para os réus ausentes: 15 anos para os quais considera líderes e cinco para os membros recrutados.
De acordo com as autoridades belgas, cerca de 350 nacionais do país foram lutar na Síria ou no Iraque, o maior número per capita da Europa. Eles estimam que 10% destas pessoas tinham alguma ligação com a Sharia4Belgium.
A segurança foi reforçada do lado de fora da corte onde foi divulgada a sentença, na Antuérpia.
Filho de brasileira
A mãe de De Mulder, a brasileira Ozana Rodrigues, afirma que ainda chora todos os dias pelo filho, outrora um jogador de futebol promissor. Ela acredita que ter sido dispensado por seu time aos 17 anos foi o que levou Brian à religião e depois à violência.
De Mulder se converteu ao islamismo e rapidamente se tornou muito devoto, adotando as vestimentas e os hábitos alimentares muçulmanos e criticando sua mãe e suas irmãs por se vestirem sem modéstia.
Um dia ele anunciou que queria ser voluntário para trabalhos de caridade na Síria: “Argumentei com ele dizendo que há muitas oportunidades aqui”, declarou Ozana. “Ele disse não querer porque todas as pessoas aqui são infiéis.”
Ela se mudou para Antuérpia, mas Brian manteve contato com seus amigos radicais. Um dia, segundo sua mãe, “fui ao quarto dele e vi que ele tinha ido embora. Eles tinham levado meu filho”.