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Tiros são disparados perto de evento com polêmico cartunista sueco

Um civil morreu e três policiais ficaram feridos; suspeitos fugiram do local. Desenhos com imagem de Maomé provocaram ira de militantes islâmicos.

Reuters

Tiros atingiram vidros perto do local onde o evento era realizado, em Copenhague

Dezenas de disparos foram ouvidos neste sábado (14) em frente a um local onde ocorria debate sobre islamismo e liberdade de expressão em Copenhague, com a presença do polêmico artista sueco Lars Vilks. As notícias estão sendo veiculadas pelos veículos de comunicação dinamarqueses.

De acordo com a agência Reuters, um civil morreu e três policiais ficaram feridos. A vítima era um homem de 40 anos. Os suspeitos fugiram do local em um carro. O comandante da polícia Henrik Blandebjerg disse à televisão local que havia dois suspeitos. A primeira-ministra dinamarquesa, Helle Thorning-Schmidt, se referiu ao ataque como um "ato terrorista".

O embaixador da França, François Zimeray, que participava do debate, informou pelo Twitter que estava "ileso". Vilks também não foi atingido.

O artista provocou polêmica em 2007, com desenhos publicados retratando o profeta Maomé como um cão. As ilustrações provocaram ameaças de grupos militantes islâmicos. Desde então, ele vive sob forte esquema de segurança.

Há dois anos, uma mulher norte-americana que chamava a si mesma de Jihad Jane foi condenada a dez anos de prisão por tramar a morte de Vilks.

A Dinamarca enfrenta uma ameaça "significativa" de cidadãos muçulmanos radicais que voltam da Síria e do Iraque, onde pelo menos 110 pessoas foram lutar com grupos jihadistas como o Estado Islâmico.

O serviço de inteligência dinamarquês (PET, na sigla em dinamarquês) disse que pelo menos 16 pessoas que partiram da Dinamarca para a Síria e o Iraque morreram em combate e que cerca de metade das mais de 100 pessoas que realizaram a viagem voltaram para casa desde então.

A Dinamarca é um de vários países europeus lutando para deter a radicalização de jovens cidadãos muçulmanos e impedi-los de se tornarem jihadistas na Síria ou no Iraque, temendo que possam retornar para planejar atentados em solo pátrio.

Ataque em Paris
Em 7 de janeiro, um ataque feito por militantes islâmicos à sede do jornal satírico Charlie Hebdo, em Paris, deixou 12 mortos. O jornal vinha sendo ameaçado desde que publicou charges do profeta Maomé em 2006. Uma série de ações relacionadas ao ataque levou, ao todo, a 20 mortes: além dos mortos na redação da Charlie Hebdo, um policial, quatro reféns em um mercado judaico de Paris e três terroristas também morreram.

Depois do ataque em Paris, Vilks chegou a dizer à agência Associated Press que menos organizações o estavam convidando para dar palestras por causa da crescente preocupação com questões de segurança. Ele afirmou ainda que o serviço de segurança que o acompanha iria aumentar as medidas de proteção.

"Isso vai criar medo entre as pessoas em um nível totalmente diferente do que estamos acostumados", disse, na época. "Charlie Hebdo era um pequeno oasis. Não muitos ousaram fazer o que eles faziam."

Após o ataque deste sábado, o presidente da França, François Hollande, disse que o Ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, irá para Copenhagen assim que possível.