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Nos blocos e nas praias, a onda é girar com os bambolês

Nas escavações, há registro do uso de bambolês no Egito. No início do século passado, as pessoas usavam os de madeira.

Diego Mendes

As acrobacias se destacam nos eventos As acrobacias se destacam nos eventos

Eles estão nos blocos, nas praças, nas festas, nos jardins do Museu de Arte Moderna. Neste verão, o Rio gira no ritmo dos bambolês. E o Projeto Verão EXTRA com patrocínio master da Live Tim saiu às ruas para conferir: qual o encanto de remexer o corpo ao ritmo desse aro mágico e colorido, que encanta gerações desde a Antiguidade?

— Nas escavações, há registro do uso de bambolês no Egito. No início do século passado, as pessoas usavam os de madeira. Nos anos 60, eles ressurgiram nos Estados Unidos. O bambolê passou por altos e baixos, mas vem num crescimento forte. Nos Estados Unidos, é mais estruturado — conta a apaixonada Edilaine Guerreiro, que fez do hobby seu ofício: hoje vende bambolês, dá oficinas para iniciantes e organiza encontros através do coletivo Bonde Órbita, uma reunião de amantes dos aros rodantes.

E o brinquedo não é só das meninas: os rapazes também se arriscam nas acrobacias E o brinquedo não é só das meninas: os rapazes também se arriscam nas acrobacias Foto: Diego Mendes
Esse ano, os bambolês foram os astros de blocos como o Terreirada Cearense e o Agytoê. Mas as cinturas remexeram no Céu na Terra, na Orquestra Voadora, no Bloco das Mulheres Rodadas. Pode parecer estranho, mas o bambolê é feminista em essência.

— Um garoto me pediu para “dar uma rodadinha para ele”. Emprestei o bambolê e falei para ele girar. Eles vão se tocando de que não estou fazendo espetáculo para eles. Estou me divertindo. O bambolê mexe com a autoestima. E há um resgate da infância, do lúdico. Não importa se sabe ou não rodar. Cada um descobre sua forma — discursa Edilaine.

E se engana quem pensa que só as mulheres abraçaram os bambolês. Para o artesão Rodolfo Darsie, de 20 anos, os aros já viraram “extensão do corpo”:

— É uma meditação. Não tem um lugar do corpo que eu não mexa o bambolê. Saí com ele em quatro blocos. Tinha gente que achava que era parte da fantasia, outros pediam para brincar. É um brinquedo.

Para a estudante de dança, Karina Villasan, 22 anos, o bambolê resgata a cultura da brincadeira de rua, que se perdeu por causa da violência:

— Meus pais brincavam na rua, inclusive de bambolê. É mais do que uma brincadeira. É uma dança.