Filme ganhou prêmios de entidades de produtores, diretores e atores. Nos últimos anos, associações são 'oráculo' de Hollywood; veja infográfico.
O voo ascendente de "Birdman ou (a inesperada virtude da ignorância)" deve chegar ao ápice na noite de 22 de fevereiro, assim que ele for anunciado ganhador do Oscar de melhor filme. Ao menos é isso o que deve acontecer se considerarmos o "termômetro" mais confiável para prever o resultado da principal disputa de Hollywood.
Os oráculos são os quatro sindicatos mais representativos do cinema americano: Screen Actors Guild (SAG, de atores), Directors Guild of America (DGA, de diretores), Producers Guild of America (PGA, de produtores) e Writers Guild of America (WGA, de roteiristas).
Nas últimas temporadas, a tendência vem sendo esta: ganha a estatueta de melhor filme a produção que acumula mais prêmios dados por essas quatro entidades.
Não se trata de coincidência: profissionais sindicalizados integram a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, responsável pelo Oscar.
Daí o favoritismo de "Birdman". Em 2015, foi justamente a comédia de humor negro estrelada por Michael Keaton que sobressaiu nos chamados Guildas. Em seus próprios critérios, três das quatro associações deram o veredito: o melhor do ano foi mesmo o filme do mexicano Alejandro González Irráritu. A esnobada coube aos roteiristas.
De 2005 para cá, somente duas vezes não foi respeitada a "regra" de que invencibilidade ou amplo predomínio nas prévias assegura o Oscar de melhor filme. Em 2006, "O segredo de Brokeback Mountain" foi lembrado por três sindicatos e, apesar disso, acabou perdendo a estatueta para "Crash – No limite". No ano seguinte, aconteceu a mesma coisa com "Pequena miss Sunshine", derrotado por "Os infiltrados".
Mas vale lembrar que o favoritismo de “Birdman” está em risco se levarmos em conta um segundo, digamos, método de vidência: o Bafta. Nos últimos cinco anos – sem qualquer falha – o vencedor do chamado "Oscar inglês" garantiu depois o Oscar de melhor filme. Eles foram "Guerra ao terror", "O discurso do rei", "O artista", "Argo" e "12 anos de escravidão".
No Bafta 2015, deu "Boyhood: Da infância à juventude", e Richard Linklater ainda foi eleito o melhor diretor. Com seis indicações, “Birdman” fez um voo de Ícaro e voltou para casa de asas abanando.