"Sempre que o dólar dá uma espichada como essa, é normal que haja alguns respiros no meio do caminho", disse Glauber Romano, operador de câmbio
Após superar R$ 2,90 pela primeira vez em mais de dez anos na manhã desta segunda-feira (23), o dólar fechou estável, com a ação de exportadores e operações de realização de lucros depois dos ganhos recentes limitando a alta.
A moeda dos Estados Unidos terminou com variação positiva de 0,01%, a R$ 2,8792 na venda. Na máxima da sessão, a divisa chegou a R$ 2,9046. Na mínima, foi negociada a R$ 2,8715. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de US$ 859 milhões (aproximadamente R$ 2,4 bilhões).
"Sempre que o dólar dá uma espichada como essa, é normal que haja alguns respiros no meio do caminho", disse Glauber Romano, operador de câmbio da corretora Intercam.
Os mercados financeiros globais têm sido pressionados por preocupações com a possibilidade de os desentendimentos entre a Grécia e seus parceiros europeus levarem à saída de Atenas da zona do euro, em mais um golpe à frágil recuperação econômica global.
Na sexta-feira (20), ministros das Finanças do bloco monetário chegaram a um acordo para estender o programa de resgate à Grécia por quatro meses, mas o país ainda precisa apresentar uma lista de reformas que deve ser aprovada por seus credores para ratificar o compromisso.
O país entregaria a lista nesta segunda-feira, mas uma autoridade do governo disse que o documento será entregue na terça-feira (24) e que o Eurogrupo havia concordado com a mudança.
"A Grécia precisa correr para assegurar o acordo. Até lá, o clima vai continuar pesado", disse o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno.
Por fim, as atenções voltavam-se ainda para a política monetária americana. Na semana passada, a ata da última reunião do Federal Reserve chegou a trazer alívio ao câmbio, sugerindo que o banco central dos EUA poderia não dar início ao aperto monetário em junho, mas parte do mercado interpretou que o documento estava defasado por não refletir os mais recentes indicadores econômicos.
"O mercado quer acreditar que o Fed vai subir logo os juros, mas a comunicação deles está errática", disse o operador de uma corretora internacional.
Na terça-feira, a chair do Fed, Janet Yellen, falará a um comitê do Senado, em um pronunciamento que pode trazer mais clareza sobre as perspectivas para o aumento de juros na maior economia do mundo, que poderia atrair para fora do Brasil recursos externos.
Investidores também seguiam mostrando preocupação com a deterioração da economia do Brasil e, por isso, diminuindo o ritmo de compras de ativos denominados em real. Economistas consultados pelo Banco Central em sua pesquisa Focus reduziram novamente suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, projetando contração de 0,50% ante 0,42% na semana anterior.
Nesta manhã, o BC brasileiro vendeu a oferta total de até 2 mil swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares, pelas atuações diárias. Foram vendidos 100 contratos para 1º de dezembro de 2015 e 1.900 para 1º de fevereiro de 2016, com volume correspondente a US$ 97,8 milhões.
O BC também vendeu a oferta integral de até 13 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em 2 de março, equivalentes a US$ 10,438 bilhões. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 79% do lote total.