A antiga cidade de Hatra foi fundada durante o império parta, há mais de dois mil anos, e é considerada pela Unesco, órgão da ONU, um patrimônio histórico da humanidade.
No início desta semana, militantes do grupo haviam começado a demolir as ruínas da cidade de Nimrud, antiga capital do império assírio fundada no século 13 a.C..
O “EI” também divulgou na semana passada um vídeo em que destruía artefatos assírios em um museu em Mosul, cidade localizada a 30km de Nimrud.
Relatos também dão conta de que extremistas incendiaram uma biblioteca na mesma cidade, junto com mais de 8 mil manuscritos.
Essa onda de destruição de patrimônios históricos e culturais gerou revolta entre autoridades e pesquisadores.
“Eles estão apagando nossa história”, disse o arqueologista iraquiano Lamia al-Gailani.
No controle de grandes áreas na Síria e no Iraque, o grupo extremista segue uma vertente radical da sharia (lei islãmica) segundo a qual estátuas são usadas para idolatrar falsos deuses.
Ao mesmo tempo, o “EI” pôs à venda alguns artefatos no mercado negro, transformando antiguidades em uma importante fonte de renda para o grupo, junto com o petróleo e sequestros.
O primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, prometeu punir os responsáveis.
“Esses bárbaros, terroristas criminosos estão tentando destruir o patrimônio da humanidade”, disse Abadi.
“Vamos perseguí-los para fazer com que paguem por cada gota de sangue derramada no Iraque e pela destruição da civilização do Iraque.”
O império parta era uma grande força política e cultural no Iraque antigo.
No seu auge, no século 2 a.C., seu território cobria uma região que hoje vai do Paquistão à Síria.
Localizada a 110km a sudoeste de Mosul, Hatra era uma cidade fortificada que resistiu a ataques do império romano graças às suas muralhas e torres.
Segundo Said Mamuzini, do Partido Democrata Curdo, os militantes começaram a destruí-la com pás.
“A cidade de Hatra é grande, e muitos artefatos daquela era estavam protegidos em seu interior”, explicou Mamuzini, acrescentando que extremistas já haviam retirado o ouro e a prata que havia no local.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, considerou a destruição um “crime de guerra”, disse seu porta-voz.
Na semana passada, o Conselho de Segurança da ONU proibiu todo o comércio de artefatos históricos vindos da Síria e acusou militantes do grupo extremista de saquear a herança cultural para aumentar sua capacidade de “organizar e realizar ataques terroristas”.
“Isso deixa claro que nada está à salvo da limpeza cultural em curso no país”, afirmou Irina Bokova, diretora da Unesco.
Esta não é a primeira vez que patrimônios históricos da humanidade são destruídos por extremistas.
Em 2013, militantes no Mali incendiaram bibliotecas onde eram guardados manuscritos históricos.
E, em 2001, o Talebã explodiu estatuas conhecidas como os Budas de Bamiyan, que datavam do século 6.