Alessandra Baldini tomou posse no Tribunal Regional Federal em janeiro.
Quem vê a brasiliense Alessandra Baldini atuando como juíza federal aos 28 anos não consegue imaginar a trajetória da magistrada: bacharel em direito, ela tem pós-graduação pelo Ministério Público e foi aprovada em seis concursos nos últimos três anos. As conquistas profissionais dela não se restringem, entretanto, ao mundo acadêmico. A jovem ostenta o título de Miss DF 2011 e, durante um ano e meio, seguiu carreira internacional de modelo na Ásia.
De volta ao Brasil e depois de se formar, Alessandra decidiu então fazer uma pós-graduação e começar a se preparar para concursos públicos. Ela afirma que já quase não fazia mais campanhas, mas acabou aceitando o convite da organização do Miss DF Universo para se inscrever no concurso de 2011. A jovem decidiu interromper os estudos temporariamente mais uma vez e se candidatou ao posto. Com 24 anos, foi eleita Miss Cruzeiro e então Miss DF 2011.
“Percebi que seria uma honra ter a oportunidade de representar o Distrito Federal em um concurso de nível nacional. Além disso, a interrupção temporária da pós-graduação não geraria prejuízos à minha formação”, explica. “O Miss Brasil 2011 foi realizado em São Paulo. Foram 27 participantes. Eu e mais 26 meninas ficamos duas semanas na capital paulista por conta do evento. Participávamos de eventos culturais e turísticos, bem como ensaiávamos para o grande dia. Fiquei nas semifinais.”
Alessandra continuou com a rotina de miss, acordando às 6h30 e fazendo musculação, tratamentos estéticos e dermatológicos, aulas de etiqueta, teatro e maquiagem e frequentando eventos sociais até passar a coroa em 2012. Depois, mudou radicalmente a rotina. Ela passou a estudar nove horas por dia, inclusive aos fins de semana, para se dedicar às provas.
“É uma quebra de paradigma. É a transição de dois mundos completamente diferentes. Em 2012 eu ainda estava cumprindo as tarefas de miss e, em menos de três anos, estou no curso de formação de juiz federal. Embora o perfil das misses tenha se alterado, contando com meninas universitárias, ainda há o preconceito de que a miss apenas lê ‘O Pequeno Príncipe’. […] Tomar posse como juíza federal substituta do TRF é um símbolo de vitória”, diz a jovem.
Futuro
Alessandra afirma que não pretende fazer mais concursos públicos agora. O desejo de se tornar juíza veio do contato com magistrados na faculdade, na pós-graduação e no trabalho. A ideia de ir além da aplicação da “letra fria da lei” encantou a jovem.
Para alcançar o cargo Alessandra passou por várias etapas: prova objetiva, provas escritas, investigação da vida pregressa, exame de sanidade física e mental, teste psicotécnico, prova oral e avaliação de títulos acadêmicos. O certame aprovou 56 dos 5.209 inscritos – pouco mais de 1% dos candidatos.
A juíza afirma que a experiência com o mundo das misses a ajudou a amadurecer e poderá contribuir com eventuais problemas na nova etapa de vida. “Aprendi a lidar com situações adversas –concorrência, fracasso etc. – desde nova, em razão da competitividade do meio da moda. Independentemente da idade da modelo, os problemas advindos da carreira são de ‘gente grande’. […] E, sim, a carreira de modelo e o miss me ensinaram a cuidar de mim mesma. Além de reforçar a vaidade, também me ajudou a ser mais disciplinada e determinada. Mantive dieta e academia, mesmo durante os estudos.”