Categorias: Maceió

Quem disse que elas são o sexo frágil?

 

Dizem que a mulher é o sexo frágil

Mas que mentira absurda!

Eu que faço parte da rotina de uma delas

Sei que a força está com elas.

Mulher! Mulher!

Na escola em que você foi ensinada

Jamais tirei um 10

Sou forte, mas não chego aos seus pés.

 

Erasmo Carlos

 

Em 1981, o cantor Erasmo Carlos fez uma verdadeira homenagem à mulher brasileira ao lançar o LP Mulher. Entre as faixas, marcou época a composição Mulher (Sexo Frágil). De autoria do próprio Tremendão, a música mostra as várias facetas da mulher, mostrando uma força que a fez conquistar espaços no decorrer dos anos tanto no seio familiar como no mercado de trabalho, na política, enfim, em todos os setores da sociedade.

De lá para cá, muitos foram os avanços e retrocessos nesta caminhada. Um dos avanços mais contundentes foi o caso da Lei Maria da Penha. Se de um lado o crime contra a mulher – principalmente o doméstico – passou a ser punido pela lei, do outro se verificou um aumento nos casos de estupro, por exemplo. Sem dados precisos de Alagoas, observamos os números da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, que entre 2005 e 2012 registrou um aumento médio de 19,7% ao ano neste tipo de violência contra a mulher.

Vejamos na política. Se de um lado o Brasil reelegeu uma mulher para a Presidência da República, do outro manteve um parlamento dominado por homens. E o que dizer do mercado de trabalho? Se na década de 1960, apenas 17% das brasileiras trabalhavam fora de suas casas, hoje este número ultrapassa dois terços da população. Ainda segundo o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), a proporção de mulheres chefes de família subiu de 27% em 2001 para 36% em 2012, o que confirma o avanço feminino no mercado de trabalho.

Na Santa Casa de Maceió, os números e conquistas femininas também estão em sintonia com a realidade da mulher brasileira. No universo de 2.602 colaboradores, 75% (ou seja, 1.954 profissionais) são do sexo feminino e 83 mulheres (66%) estão entre as 126 lideranças da instituição.

A Mesa Administrativa da Santa Casa de Maceió é um bom exemplo disso. Entre os nove membros da Mesa Administrativa, a professora Ivone dos Santos ocupa uma das cadeiras de mesário do colegiado, espaço onde a mulher sempre esteve ausente na longa história da instituição.

A presença feminina prossegue no “staff” da instituição, com a presença de três gerentes mulheres num grupo formado por dez executivos: são elas as gerentes Tereza Tenório (Riscos e Práticas Assistenciais), Rejane Paixão (Unidades de Internação) e Alayde Rivera (Ensino e Pesquisa). A presença delas é ainda maior nos demais níveis hierárquicos, com quatro mulheres no cargo de gestoras administrativas, uma dezena de chefes de serviço, além de coordenadoras e supervisoras.

“Percebo que a mulher vem consolidando sua presença no mercado de trabalho também em cargos inerentes à alta administração das empresas. Apesar de algumas corporações ainda precisarem avançar neste quesito, afirmo como mulher, cardiologista e gerente de uma instituição referenciada como a Santa Casa de Maceió que atualmente as mulheres têm competência para dar sua contribuição nos mais diversos níveis hierárquicos das empresas”, comentou a cardiologista Maria Alayde Rivera, responsável pela Divisão de Ensino e Pesquisa do hospital alagoano.

Mas, engana-se quem pensa que essa presença se deve a cotas reservadas às mulheres ou a uma preferência dos profissionais de recursos humanos pelo “sexo frágil”. Na opinião da médica do Trabalho, Francine Loureiro, no tocante à competência ou à segurança no ambiente de trabalho não existe diferença entre homens e mulheres.

“Apesar de historicamente a mulher ter assumido a missão de cuidar da família e demonstrar uma maior sensibilidade, não é o gênero que revela se o profissional é mais ou menos competente ou mais ou menos comprometido com a empresa. Sou contra a competição entre homens e mulheres no ambiente de trabalho. O que deve existir é a partilha de dons e talentos em prol dos objetivos da organização”, analisou Francine Loureiro.

Um bom exemplo dessa partilha de talentos em prol do bem comum pode ser observado no trabalho realizado pela Rede Feminina de Combate ao Câncer. As 120 voluntárias da ONG dedicam-se a manter os 40 leitos da casa de apoio, que hospeda pacientes vindos do interior alagoano em tratamento de radio e quimioterapia. Além disso, o grupo serve lanches diariamente aos pacientes e acompanhantes nas recepções da oncologia da Santa Casa de Maceió e realiza ações de conscientização e diversas campanhas ao longo do ano.