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PM assassinado era testemunha do caso Amarildo

Adson Nunes da Silva trabalhava na Coordenadoria de Inteligência da PM. Ele foi assassinado a tiros e deixado em UPA.

O soldado Adson Nunes da Silva, morto após ser baleado em Mesquita, na Baixada Fluminense, no sábado (7), foi testemunha do caso Amarildo. Segundo o Bom Dia Rio desta terça-feira (10), o agente desmentiu o depoimento de um dos policiais presos sob a acusação de participação no desaparecimento do pedreiro da Rocinha em 2013.

Segundo o delegado Fábio Cardoso, da Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), Adson trabalhou infiltrado na operação Paz Armada, na Favela da Rocinha, na Zona Sul do Rio, que levou à morte do pedreiro Amarildo. Em 2013, na época do crime, o soldado trabalhava na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha. O delegado descartou a possibilidade de a morte do policial ser um ato de vingança ou queima de arquivo do caso Amarildo.

“Isso é muito pouco provável. Pelo que apuramos até agora, a morte do Adson Nunes não tem nenhuma relação com o caso Amarildo. Já sei como foi a dinâmica da morte dele. Agora, preciso reunir provas para buscar suspeitos”, disse o delegado.

Atualmente, o soldado trabalhava na Coordenadoria de Inteligência da Polícia Militar do Rio. Ele foi morto por disparos de arma de fogo – levou um tiro na cabeça – e deixado na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Edson Passos, em Mesquita, na Baixada Fluminense. Policiais do 20°BPM (Mesquita) foram acionados para o local. De acordo com a PM, o agente foi deixado no local por um carro não identificado.

Cardoso disse que já tem duas testemunhas, que também são vítimas de uma outra situação policial e que podem ajudar a corroborar a dinâmica da morte do soldado Adson.

“Já estamos analisando imagens de câmeras de segurança, analisando impressões digitais e outros elementos para chegarmos chegarmos aos criminosos”, acrescentou Cardoso.

Fim de semana violento
O caso foi mais um episódio de violência no estado do Rio, neste sábado (7). No Conjunto de Favelas do Alemão, Zona Norte da Capital, dois policiais foram baleados. No Conjunto de Favelas do Lins, o comércio da região amanheceu fechado após uma operação do Bope.

Relembre o caso
Amarildo sumiu após ser levado por policiais militares para ser interrogado na sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) durante a “Operação Paz Armada”, de combate ao tráfico na comunidade, entre os dias 13 e 14 de julho de 2013.

Na UPP, teria passado por uma averiguação. Após esse processo, segundo a versão dos PMs que estavam com Amarildo, eles ainda passaram por vários pontos da cidade do Rio antes de voltar à sede da Unidade de Polícia Pacificadora, onde as câmeras de segurança mostram as últimas imagens do pedreiro, que, segundo a defesa de alguns dos 25 policiais acusados pelo crime, teria deixado o local sozinho — fato não registrado pelas câmeras.

Após depoimentos, foram identificados quatro policiais militares que participaram ativamente da sessão de tortura a que Amarildo teria sido submetido ao lado do contêiner da UPP da Rocinha. Segundo informou o Ministério Público, testemunhas contaram à policia sobre a participação desses PMs no crime. Após seis meses de buscas pelo corpo do pedreiro, a Justiça decretou a morte presumida de Amarildo.