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PT deve manter apoio para que João Vaccari continue como tesoureiro

De acordo com integrantes do partido, as explicações apresentadas pelo tesoureiro convenceram a cúpula do partido de que não há elementos que justifiquem seu afastamento.

Agência Brasil

João Vaccari Neto, tesoureiro do PT

Apesar das citações de João Vaccari Neto no inquérito que apura o suposto esquema de pagamento de propina instalado na Petrobras, investigado pela Operação Lava Jato, o PT deverá mantê-lo no cargo de tesoureiro do partido. De acordo com integrantes do partido, as justificativas apresentadas por Vaccari à cúpula petistas foram consideradas suficientes para descartar seu afastamento. Deste modo, a não ser que ele não tome espontaneamente a decisão de pedir para sair, permanecerá cuidando do cofre petista.

Vaccari é citado por pelo menos três delatores do suposto esquema. O doleiro Alberto Yousseff apontou depósitos feitos na conta da mulher de Vaccari, Giselda Rousie de Lima, feitos pelo empresário Claudio Mente, também investigado sob a suspeita de operar em nome da Toshiba no esquema de propina.

O processo aponta que a empresa fez dois depósitos na conta, cada um no valor de R$ 400 mil, como recompensa pelo fechamento de um contrato da empresa com a estatal para equipamentos que serviriam ao Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro.

Além de Yousseff, o ex-gerente-executivo da diretoria de Serviços da Petrobras Pedro Barusco apontou Vaccari como a pessoa que gerenciava o recebimento de propinas para o PT, valores que segundo ele somariam de US$ 150 milhões a US$ 200 milhões de dólares.

Já o ex-diretor de da estatal Paulo Roberto Costa também disse em seu depoimento que Vaccari recebia a parcela referente ao PT no esquema de pagamento de propina por grandes empreiteiras em troca de contratos com a Petrobras.

Ao partido, Vaccari disse que os depósitos feitos na conta de sua mulher se referem a um empréstimo que fez com Cláudio Mente, um antigo amigo, para a compra de uma casa. O PT sustenta ainda que os recursos repassados ao partido ocorreram dentro da legalidade e que foram declarados à Justiça Eleitoral.

Pressões

Desde que o nome de Vaccari entrou na lista de investigados da Lava Jato, cresceram nos bastidores as manifestações de líderes petistas em favor do afastamento do ex-tesoureiro. Em geral, os colegas de partido do secretário de Finanças se queixam do constrangimento cada vez maior imposto à legenda e ao governo da presidente Dilma Rousseff.

Há a expectativa de que o assunto apareça na próxima reunião da executiva nacional do partido. O encontro ainda não tem data certa para ocorrer, mas havia a previsão de que fosse chamado para a semana que vem.

Ao menos até segunda ordem, dirigentes petistas pretendem insistir na postura adotada até agora: bancar a permanência de Vaccari no cargo, sob o argumento de que não haverá pré-julgamento de nenhum dos envolvidos. Caso a situação se agrave, entretanto, petistas admitem que o comando partidário pode optar por rever essa postura.

Um dos argumentos para a permanência de Vaccari é a dificuldade de encontrar um substituto. Além disso, petistas argumentam que a saída dele poderia desequilibrar a correlação de forças entre as correntes petistas na executiva nacional, acirrando a disputa interna do PT em um momento delicado para o governo.