Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro começou a ouvir 23 réus que respondem a processo por associação criminosa; Elisa Quadros, a Sininho, não compareceu à audiência
Às vésperas do que promete ser o maior movimento nas ruas do País desde as manifestações de junho de 2013, Elisa Quadros Pinto Sanzi, também conhecida como Sininho, segue foragida da Justiça.
Nesta semana, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro começou a ouvir 21 dos 23 ativistas – entre os quais está Sininho – que respondem a processo por associação criminosa durante as manifestações realizadas há pouco mais de um ano e meio. Um dos ativistas faltantes é Sininho.
O Terra entrou em contato com o escritório de advocacia que defende a manifestante na Justiça, mas nenhum advogado foi encontrado para comentar o caso.
Sininho e os outros ativistas respondem pelo crime de formação de quadrilha armada, sob a acusação de que planejavam atos de violência durante a Copa do Mundo, realizada em junho e julho de 2014 no País. A manifestante é considerada uma das líderes dos protestos realizados no Rio de Janeiro desde 2013.
Elisa Quadros foi presa duas vezes. Em agosto do ano passado, a 7ª Câmara Criminal do Rio de Janeiro concedeu habeas corpus a ela e a outros ativistas, permitindo que aguardassem em liberdade o julgamento da ação penal. A Justiça também determinou que os réus cumprissem medidas cautelares, como o comparecimento regular ao juízo e não participassem de manifestações. Eles também não podem se ausentar do País.
No dia 3 de dezembro do ano passado, a 27ª Vara Criminal decretou a prisão preventiva de Sininho, Karlayne e Igor Mendes da Silva, o único a se entregar, por participação em um protesto no dia 15 de outubro, em frente à Câmara Municipal do Rio, o que contraria as medidas cautelares impostas quando o habeas corpus foi concedido.
Na ocasião, o advogado que representa Sininho e Igor Silva, Marino D’Icarahy, afirmou que a decisão do juiz Flávio Itabaiana, da 27ª Vara Criminal, era um “absurdo”, porque a manifestação no dia 15 de outubro foi um ato pequeno e sem registro de confrontos. Ele também disse não saber sobre o paradeiro de Sininho.
Em fevereiro do ano passado, Sininho também teve de prestar depoimento sobre o protesto que resultou na morte do cinegrafista Santiago Andrade, que trabalhava na TV Band. O profissional foi atingido por um rojão enquanto cobria uma manifestação no centro da capital fluminense.
Sininho teria afirmado que Caio Silva de Souza, apontado pela polícia como quem disparou o rojão, seria ligado ao deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ). O parlamentar, que foi o mais votado na eleição de 2014 no Estado, nega conhecer os suspeitos.