“Não se trata de falta de escovação dos dentes. A halitose, em grande parte dos casos, tem origem na língua. São restos de células e alimentos que se acumulam nos espaços entre as papilas gustativas – terminações nervosas que recobrem a língua e são responsáveis pelo reconhecimento do gosto. Esses resíduos elevam a população de bactérias presentes na boca e isso acaba liberando o cheiro de enxofre que caracteriza o mau hálito. Ainda assim, há outros tantos fatores fisiológicos, patológicos e adaptativos do organismo que podem alterar o hálito de uma pessoa”, diz o especialista.
Bellasalma diz que algumas condições, como a insuficiência renal – que faz com que compostos aromáticos de baixo peso molecular sejam eliminados por via respiratória –, ou ainda a falta de hidratação diária adequada, podem provocar halitose. “Quem ingere pouca água ao longo do dia acaba provocando a hipossalivação que favorece um aumento na concentração de compostos à base de enxofre na cavidade bucal. Sendo assim, além de procurar um cirurgião-dentista, a primeira medida de quem suspeita estar com mau hálito é beber muita água. O organismo como um todo agradece.”
Mas se a água faz bem, o consumo exagerado de balas e chicletes não resolve o problema da halitose nem é bom para a saúde. “Todo chiclete contém algum tipo de adoçante, mas os que têm açúcar podem acabar estimulando ainda mais a produção das bactérias na placa – o que causa mau hálito e cárie. Já o álcool e a cafeína, que costumam ser consumidos em grande quantidade por algumas pessoas, têm a propriedade de deixar a boca seca e criar um ambiente favorável às bactérias causadoras de cáries e mau hálito. Nesse sentido, também, vale ressaltar que é importante evitar comer doces entre as refeições e, principalmente, antes de dormir, já que a quantidade de saliva durante o sono diminui bastante, reincidindo no mesmo problema”, diz o especialista.
De acordo com Bellasalma, pelo menos 25% da população convive com o problema permanentemente – o que acaba afetando as relações pessoais e profissionais. Muitas vezes, a halitose tem origem em infecções periodontais, inflamação gengival, próteses mal adaptadas, e, sobretudo, desvios de padrão salivar que – juntos ou não – culminam no indesejável mau hálito. Caso ninguém alerte o paciente, ele pode conviver com o problema por muito tempo, já que acaba se acostumando com o odor do próprio hálito.
“Diante da mínima desconfiança de que está com halitose, a pessoa deve redobrar os cuidados com a higiene bucal, fazendo uso de fio dental para eliminar todo resto de alimento alojado entre os dentes, e, principalmente, deve higienizar bem a língua. Quando a crosta esbranquiçada que reveste a parte superior da língua (saburra) for espessa, é fundamental utilizar um limpador apropriado para removê-la. Quando for fina ou invisível, vale a pena limpar o dorso da língua com uma gaze, sem colocar muita força”, diz o professor da EAP.