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Graça Foster diz que esquema de corrupção ocorreu ‘fora da Petrobras’

Ex-presidente da estatal presta depoimento à CPI que investiga a empresa.

Em depoimento à CPI da Petrobras, a ex-presidente da estatal Maria das Graças Foster afirmou nesta quinta-feira (26) que o esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato ocorreu “fora” da empresa. Esta é a quarta vez que Graça é ouvida no Congresso Nacional para dar explicações sobre as suspeitas de irregularidades na Petrobras, mas a primeira oportunidade que ela é ouvida na situação de ex-presidente.

“O esquema de corrupção se formou fora da Petrobras”, ressaltou Graça Foster aos deputados que integram a CPI.

A exemplo do que disse na semana passada o ex-presidente da Petrobras Sérgio Gabrielli, Graça reiterou ao colegiado que as suspeitas de corrupção envolvendo a petroleira vieram à tona pelo trabalho da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF). Segundo ela, mecanismos de controle interno e externo, como Tribunal de Contas da União (TCU) e Controladoria Geral da União (CGU), não conseguiram detectar os problemas.

“Não foi a Petrobras que descobriu corrupção na Petrobras”, enfatizou. “Entendo que o descobridor foi a Polícia Federal, foi o Ministério Público Federal, que descobriram [o esquema], a ser confirmado o cartel e tudo posto na mídia. O grande descobridor foi a Polícia Federal”, reiterou Graça.

No depoimento que concedeu na última semana à CPI, Gabrielli declarou que era “impossível” detectar corrupção na estatal pelos procedimentos e meios de controle da empresa.

Graça Foster também explicou aos deputados que, após a deflagração da operação Lava Jato, em março do ano passado, a estatal tomou ações preventivas para não contratar empresas suspeitas de formação de cartel.

“A operação Lava Jato levou a Petrobras a determinadas situações preventivas em relação à contratação de empresas que tivessem sido apontadas pelos órgãos de controle como parte de um cartel”, destacou a ex-dirigente.

Graça Foster deixou o comando da empresa em fevereiro deste ano desgastada pelo escândalo de corrupção. Além das denúncias de irregularidades, a Petrobras enfrenta dificuldades para liberar o seu balanço porque ainda precisa quantificar e explicar os prejuízos com as fraudes em contratos de obras.

SBM Offshore
Em meio ao depoimento, a ex-presidente da Petrobras disse que, assim que veio à tona a revelação de que a empresa holandesa SBM Offshore pagou propina a funcionários da estatal, os contratos foram interrompidos. O ex-gerente Pedro Barusco confirmou o recebimento de suborno em depoimento à Polícia Federal.

Graça Foster explicou aos parlamentares que tentou descobrir mais detalhes sobre essas propinas, mas, segundo ela, a empresa não revelou valores nem quem seriam os beneficiários. Para ela, é improvável que Barusco recebesse propina sozinho.

“Não posso imaginar que seja verdadeira a fala do Barusco, de que sozinho recebia propina”, afirmou.

Graça ponderou que a SBM é uma das melhores empresas na área de aluguel de plataformas de petróleo e que a Petrobras tem interesse em esclarecer a denúncia para retomar contratos.

“Tão logo soubemos da propina, cancelamos qualquer relação comercial com a SBM”, disse. “Até hoje, não temos um retrato oficial dessa questão da propina da SBM. Até hoje, não há uma conversa com nomes e valores, e a Petrobras busca isso intensamente para que possa de fato voltar a contratar a SBM”, complementou.

Assim como já havia afirmado em depoimentos anteriores no Congresso Nacional, Graça Foster reiterou nesta quinta-feira que “nunca soube de propina na Petrobras”.