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Torcidas organizadas voltarão aos estádios após medidas de controle

Dicom/TJ

Justiça define controle de organizadas

O desembargador Tutmés Airan de Albuquerque Melo, do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL), já tem em mente quais as providências necessárias para que as torcidas Mancha Azul e Comando Alvirrubro possam voltar a frequentar os estádios de futebol em Alagoas. As medidas foram consensualmente definidas com líderes das organizadas em audiência nesta segunda-feira (27), e uma decisão deverá ser publicada amanhã no Diário de Justiça Eletrônico (DJE).

O desembargador adiantou que a decisão deverá, de imediato, liberar o funcionamento das sedes das organizadas, porém o retorno delas aos estádios só será permitido após a implantação das medidas de controle. Entre as principais determinações deverão estar as seguintes:

– A Federação Alagoana de Futebol fará o cadastro dos integrantes das torcidas. Os integrantes só poderão entrar no estádio portando uma carteirinha específica, vinculada a um banco de dados eletrônico, disponibilizado para a Polícia e o Ministério Público de Alagoas (MP/AL). Torcedores menores de idade só farão parte das torcidas se autorizados pelos pais ou responsáveis.

– Para os clássicos entre CRB e CSA, as torcidas devem providenciar transporte próprio para evitar confusões nos coletivos de Maceió. O itinerário das torcidas deverá ser comunicado à polícia, já a entrada no Rei Pelé, em dia de clássico, deverá acontecer com uma hora de antecedência.

– A torcida Comando Alvirrubro deverá ser formalmente instituída, pois hoje a organização não tem existência legal.

– Será criada uma comissão permanente de controle das torcidas, composta por Ministério Público, Judiciário, Polícia Militar e torcidas organizadas.

– O estádio Rei Pelé deverá ter salas para revista íntima de torcedores, a ser feita por amostra, pela Polícia Militar, afim de evitar a entrada de drogas.

– As torcidas estarão proibidas de entoar cantos ofensivos à Polícia.

Tutmés Airan explicou que o Juizado do Torcedor deve fiscalizar o cumprimento das determinações. “[Se as medidas forem descumpridas], vamos analisar caso a caso o grau de infringência. Eu espero que isso não precise acontecer, mas se for necessário, a gente aponta no caminho da extinção”.

O desembargador afirmou ainda que não espera que as medidas resolvam toda a problemática, mas amenizem bastante a situação. “Nacionalmente tem se construído um caminho semelhante, e nós vamos tentar trilhar por esse caminho. A expectativa é que isso reduza substancialmente o nível de violência.”

Dicom/TJ

Líderes de torcidas

Líderes das torcidas saíram satisfeitos

Alan Eudes, diretor da Comando Alvirrubro, considerou a audiência produtiva. “A extinção não é o adequado hoje, porque prejudica a Polícia, a torcida e o clube. Acho que o mais viável é a volta das torcidas e a criação desse elo entre todas as partes envolvidas: a Federação, o Juizado do Torcedor, os clubes. Esse trabalho tem de ser feito, porque todos vamos sair ganhando”.

O presidente da Mancha Azul, Vanderli Nunes, garantiu que a organizada irá “virar a página” e “selar a paz”. “Nós vamos seguir tudo o que for acordado e o componente que for pego bagunçando e sair desse acordo, vamos afastar ele”, assegurou.

Críticas à imprensa

O vice-presidente da Mancha Azul, Sandro Vasconcelos, acredita que a mídia acaba incentivando os conflitos ao destacar em excesso a violência. “A mídia passa isso de manhã, de tarde e de noite, a semana toda, enquanto o lado positivo da torcida não é mostrado. Isso faz com que aquele torcedor que pensa em confusão, vá ao estádio para praticar confusão”.

“Acho que a mídia tem o poder tanto de aumentar a violência como de ajudar a acabar, mostrando o lado social da torcida, mostrando a festa em si que a torcida faz e não só a violência”, opinou o dirigente da Mancha.

Polícia Militar

O comandante do Policiamento da Capital (CPC), tenente-coronel Marcos Sampaio Lima, ressaltou que o cadastro facilitará o trabalho da PM quanto a identificação de criminosos. Ele acredita que as medidas surtirão efeito.

“A gente sabe que a extinção por si só não representa o fim da violência nos estádios, então foi uma decisão muito sábia e a gente passa ter o controle efetivo sobre a existência dessas torcidas”, afirmou o coronel Sampaio.

O Ministério Público Estadual participou da reunião, representado pelo procurador Valber Valente, que atua na 1ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça.

Suspensão

As atividades das torcidas e o ingresso delas nos estádios foram proibidos no dia 8 de abril, por decisão do desembargador Tutmés Airan. A medida teve caráter cautelar, no âmbito de uma apelação interposta pelo Ministério Público, requerendo a extinção das torcidas.

Matéria referente ao processo nº 0020081-63.2005.8.02.0001