O governador de Alagoas, Renan Filho, e o diretor-presidente do Instituto do Meio Ambiente (IMA), Gustavo Lopes, junto com uma equipe de técnicos do órgão, visitam nesta quarta-feira, dia 27, a região dos cânions do rio São Francisco, entre os municípios de Paulo Afonso (BA) e Olho D’Água do Casado (AL). Eles devem verificar as condições do local que está impactado por uma mancha formada por microorganismos.
No relatório divulgado pelo Instituto no dia 23 de abril, os técnicos informaram que a mancha era formada em maior parte por uma espécie de microalga fitoplanctônica que, apesar da coloração marrom e o odor forte, não é tóxica. O problema é que na mesma mancha há uma espécie de disputa entre outros microorganismos e há a presença de cianobactérias nocivas à saúde humana.
Segundo laudo produzido, e divulgado recentemente, pelo Laboratório Integrado de Ciências do Mar e Naturais (Labmar), da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), “as cianobactérias estão prevalecendo em quantidade nos 10 pontos onde foram feitas coletas e isso é perigoso porque elas são tóxicas, nem a água deve ser consumida”, disse Manuel Messias, diretor do Laboratório de Estudos Ambientais do IMA.
O diretor-presidente do IMA, Gustavo Lopes, disse ter recebido informações da direção Companhia de Saneamento Alagoas (Casal) que há cerca de 54 mil pessoas sem abastecimento. “Trata-se da mesma mancha, mas com as cianobactérias o problema foi agravado”, explicou.
O IMA autuou a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) pela mancha, que chegou a se estender por 34 quilômetros do rio São Francisco. Aplicando multa no valor aproximado de R$ 650mil e cobrando medidas para resolução do problema. A vazão do rio chegou a ser aumentada de 1300 m³/s para 1500 m³/s. O Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco (CBHSF) realizou reuniões com as organizações envolvidas e formou um grupo de trabalho para acompanhamento do problema.
O monitoramento feito pelo IMA foi iniciado no dia 10 de abril, após o recebimento de diversas denúncias de moradores da região. No dia 17, os técnicos apresentaram os resultados preliminares e o indicativo de que a mancha seria causada pela proliferação de microalgas fitoplanctônicas também encontradas em cistos de sedimentos de fundo de barragens.
Segundo informações do diretor de Monitoramento e Fiscalização do IMA, Ermi Ferrari, as evidências indicam que o esvaziamento de um reservatório da Usina de Paulo Afonso, feito pela Chesf com autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) de Pernambuco, seria a única operação que poderia ter causado um problema naquela proporção.
Durante a operação, cerca de 80%, dos 26 milhões de metros cúbicos da água armazenada no reservatório, teriam sido liberados junto com grande quantidade de sedimentos.