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Dois anos marcam ruínas das pirâmides financeiras

“Investi R$ 1 mil, recuperei e ainda lucrei mais R$ 3 mil.” A frase é do técnico em informática, Élder Santana, que veio seguida de um “mas dois meses depois, parou”. Esse tipo de lucro alto já foi recorrente no Brasil. Foi o momento econômico das empresas que atuavam sob a dita dinâmica do marketing multinível, mas que teve a primeira queda quando, lá do Acre, em 19 de junho de 2013, a Justiça determinava o bloqueio das atividades da TelexFree, primeira empresa no país acusada de formação de pirâmide financeira, crime contra a economia popular. Era o início de uma guerra que já dura dois anos sem avanços. Mais empresas entraram no pacote e foram bloqueadas em várias esferas judiciais. Hoje, há uma força-tarefa dos Ministérios Públicos do Brasil apurando atuações similares.

A lista de empresas sob investigação não é divulgada pelo Ministério Público Federal de Goiás por questões de sigilo jurídico, exceto as que já receberam parecer e posterior sentença de bloqueio. São BBom, Multi Click, Priples, além de TelexFree. Todas tiveram recursos negados na Justiça para voltar a atuar no mercado nacional e amargam a lentidão dos trâmites judiciais. Mais 15 completariam a lista de suspeitas. A acusação de pirâmide parte do princípio de que a empresa se sustenta a partir de novas adesões ao sistema, no qual os mais antigos lucram a partir de taxas pagas das novas adesões. O bloqueio das atividades foi justificado porque os produtos que eram movimentados  seriam uma “fachada”.

“Quem espera depois do prejuízo parece que sofre mais”, diz Gustavo Mendes, que investiu R$ 150 mil na BBom, três dias antes de a empresa receber intervenção da Justiça e parar as atividades. Gustavo foi um dos casos que conseguiram via decisão liminar ter o dinheiro prometido para voltar, com ressalvas. Os R$ 150 mil que aplicou na operação foi destacado pela Justiça voltar para ele, quando a empresa tiver as contas em funcionamento novamente.

O setor jurídico da a BBom (Embrasystem Tecnologia em Sistemas) afirmou que a empresa está em fase de elaboração de um relatório técnico para reapresentar o pedido de recuperação judicial. A empresa já teve esse recurso negado por não atender os critérios técnicos de mercado. O mesmo foi negado a TelexFree.

Carlos Costa, diretor da Ympactus Comercial (TelexFree), que se comunica com os divulgadores pela página oficial da marca no Facebook explicou que a empresa questiona a perícia contábil realizada pela EY e que manteve parecer de que a atividade da empresa é de pirâmide. A EY foi procurada, mas não deu retorno. O presidente da Priples, o pernambucano Henrique Maciel, não foi encontrado Diario, nem o jurídico se posicionou. A Multi Click não atendeu a reportagem.