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Grécia não paga dívida ao FMI e entra oficialmente em calote

Reuters/Yannis Behrakis

Bandeiras grega e da União Europeia em frente ao parlamento em Atenas

Terminou hoje (30), às 19h (hora de Brasília) o prazo para a Grécia pagar cerca de 1,6 bilhão de euros ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Sem ter quitado a parcela do resgate financeiro, o país entrou oficialmente em calote com os credores internacionais.

Com o calote, a Grécia deixará de ter acesso aos empréstimos do FMI e perde o direito de voto no fundo. O não pagamento da dívida pode fazer o país sair da zona do euro, grupo de países que adotam a moeda única.

Mais cedo, o país tinha pedido ao FMI para adiar o pagamento das parcelas por quatro meses. O governo grego recorreu a um mecanismo usado na década de 1990 pela Nicarágua e pela Guiana, que permite que países beneficiados por linhas de socorro do fundo adiem o pagamento de três a cinco anos, tempo de duração dos empréstimos.

Em nota, o FMI confirmou o não recebimento da parcela e informou que o pedido da Grécia para estender o prazo de pagamento ainda será avaliado. “Informamos nosso Comitê Executivo de que a Grécia está agora em atraso e que só pode receber financiamentos do FMI uma vez que as pendências estejam sanadas. Também confirmamos que o FMI recebeu um pedido das autoridades gregas por uma extensão da obrigação de pagamento que vencia hoje, que ainda irá para discussão do Comitê Executivo”.

Hoje, os ministros de Finanças da zona do euro recusaram o pedido do governo grego de estender o programa de resgate financeiro. Sem acesso às linhas especiais de crédito, a Grécia não teve dinheiro para pagar a parcela devida ao FMI.

Gastos públicos elevados e descontrole das contas, entre outros motivos, levaram a Grécia à atual situação. Em assistência financeira desde 2010, o país recebeu dois empréstimos dos parceiros europeus e do Fundo Monetário Internacional totalizando 240 bilhões de euros. Em troca, o governo grego comprometeu-se a cumprir duras medidas de austeridade.

Os aumentos de impostos, a redução de benefícios sociais e o corte de gastos públicos puseram a população em um grande aperto financeiro. No início do ano, Alexis Tsipras, líder da legenda radical de esquerda Syriza, venceu as eleições prometendo renegociar a dívida com os credores internacionais e rever a política de austeridade.