Quatro policiais militares e civis estão entre os presos da operação Tombstone

Dois policiais civis e dois outros militares estão entre os envolvidos de cometer diversos assassinatos em ações de justiçamento.

Milton Rodrigues/Alagoas24horasDelegados e promotor explicam investigação

Delegados e promotor explicam investigação

A Polícia Federal (PF) divulgou detalhes da operação intitulada “Tombstone” que resultou na prisão de 12 pessoas acusadas de participar de um grupo de extermínio que atuava em Pilar, município distante 42 quilômetros de Maceió. De acordo com a PF, entre os presos estão dois policiais civis e dois policiais militares.

De acordo com o promotor de Justiça de Pilar, Jorge Dórea, o grupo é perseguido desde ano 2013, quando cerca de 287 assassinatos foram cometidos nesse curto espaço de tempo. Todos os crimes teriam ocorrido por uma motivação enraizada no espírito de vingança à onda de assaltos e homicídios que acometia o município. O grupo agia como justiceiros ao caçar possíveis assaltantes e executá-los com um tiro no pescoço.

“Eles agiam com o falso motivo de promover a redução da criminalidade. Tivemos então que retomar o controle da legalidade das ações, que vão de encontro aos direitos humanos e da lei divina da vida”, ressalta o promotor.

Os quatro agentes públicos não tiveram os nomes revelados pela PF, mas pelo menos um deles, o policial reformado Antônio Correia da Silva, vulgo Chibata, teria reagido à prisão quando chegou a ser baleado com um tiro no tórax e encaminhado ao Hospital Geral do Estado (HGE). Um oficial da PM, identificado como capitão Paulo Costa, foi flagrado em escutas telefônicas que atestariam a sua participação.

Saiba mais: PF deflagra operação Tombstone em Pilar; onze foram presos

Para o advogado Welton Roberto, que faz a defesa de um dos policiais civis lotados em Pilar e identificado apenas como Kléber Cardino, a defesa deve tomar conhecimento das acusações, mas ele espera que a ação da polícia não seja somente uma prisão sem uma investigação concreta. “Estou tomando conhecimento agora do ocorrido para saber quais os indícios que levaram à prisão do meu cliente, mas espero que a PF não tenha prendido para depois iniciar a investigação”, alega.

Todos os envolvidos passam nesse momento por um interrogatório dentro da sede da PF, em Jaraguá. Além dos crimes de extermínio investigados exclusivamente pela polícia, e que prevê uma pena de três a oito anos, o grupo é suspeito de ter envolvimento com ações do tráfico de drogas na região e compra e venda ilegal de armas de fogo.

“Essas prisões servem como um efeito pedagógico, de forma que a apropriação da força e monopólio desta pertence ao Estado e não a um grupo de pessoas”, relembra o delegado Ronaldo Campos, chefe da direção de Direitos Humanos da PF em Brasília.

Segundo o delegado federal de Alagoas, Fábio Maia, entre os envolvidos não há um líder específico ou mesmo uma hierarquia de atuação no crime. “Não existia um chefe ou mesmo uma cadeia de comandos, o que havia era uma vontade de executar essas pessoas”, diz.

Ainda segundo Fábio Maia, nem todas as vítimas eram criminosos ou possuíam antecedentes para tal, o que revela um grupo de extermínio que atuava sem controle decidindo quem vive ou morre na região.

Por fim, o delegado avisa que novas prisões podem ocorrer nos próximos meses.  “Não está descartada ainda qualquer nova prisão, tudo vai depender dessa segunda etapa da investigação que tem início agora”, informa.

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