A concessionária Supervia admitiu ter autorizado que um trem passasse por cima do corpo de um vendedor ambulante na Estação de Madureira, no Rio de Janeiro. O acidente aconteceu na última terça-feira (28), e foi registrado em vídeo.
Nas imagens, o corpo da vítima, identificada como Adílio Cabral dos Santos, 33 anos, estava sobre os trilhos quando um homem de roupa laranja, aparentando ser funcionário da Supervia, acena para o maquinista. O trem avança devagar, e passa por cima do corpo do ambulante.
Ainda não foi precisado se Adílio já estava morto antes de ser atropelado pelo trem. Em entrevista à TV Gobo, o irmão do ambulante se mostrou indignado com o caso. “Achei uma negligência, né? Muito negligente passar por cima de uma pessoa, mandar passar por cima do corpo de uma pessoa. Porque também, não era parente dele”, disse Élcio Santos.
A Supervia admitiu que, por conta do horário de pico, autorizou a passagem do trem mesmo com uma pessoa caída nos trilhos. Em um comunicado enviado à imprensa, a concessionária afirma que a composição tinha altura suficiente para não atingir a vítima caída no local, e que a autorização da passagem foi feita após essa constatação para evitar um problema maior com a retenção dos trens.
Os familiares de Adília serão ouvidos pela polícia ainda nesta sexta-feira (31). Os funcionários da Supervia também deverão prestar esclarecimentos sobre o caso durante a próxima semana. O enterro do ambulante ainda não teve a data definida, e o corpo dele está no Instituto Médico Legal (IML) do RJ.
Contradições sobre socorro
A empresa ainda afirma que acionou o Corpo de Bombeiros imediatamente, às 17h, para socorrer o ambulante. No entanto, a corporação carioca afirma que só foi chamada duas horas depois, por volta das 19h15, para uma ocorrência que não teria relação com a morte por atropelamento.
Somente durante o atendimento que a equipe dos Bombeiros foi informada da existência de um corpo na linha férrea pelos funcionários da Supervia. O governo afirmou que os responsáveis pelo caso serão punidos.
“Isso tudo será apurado pela agência independente, que já abriu uma investigação, e a nossa determinação é a punição rigorosa àqueles que causaram esse incidente, que é inaceitável, uma desumanidade, isso não pode ser tolerado”, disse o secretária estadual de Transportes, Carlos Roberto Osório, em entrevista ao G1.
O caso também está sendo investigado pela Polícia Civil e pela Agetransp, a agência reguladora do serviço de transporte na cidade.